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Aramis

Wes, o inovador da guitarra

"Wes Mongomery foi a melhor coisa que aconteceu à guitarra desde Charlie Christian" (Ralph J. Gleason, crítico de jazz) Uma dupla opotunidade para se conhecer melhor Wes Mongomery (Indianoapolis, 6/3/1923 -15/6/1968), um dos monstros sagrados do jazz: o álbum duplo "The Small Group Recordings", de Verve, em edição da Polygram e "The Wes Mongomery Trio" (Riverside/Ariola). Momentos mágicos de um guitarrista que ao surgir no cenário jazzistico, 1959, entusiasmou a Gleasson e dezenas de outros críticos. E foi "Solo Flight", em uma gravação da Orquestra de Benny Goodman com um solo destacado do guitarrista Charlie Christian (Dallas, Texas, 1919 - Nova Iorque, 1942) que inspirou Wes a tocar o instrumento. A partir dauqele momento, dedicou suas horas de folga para aprender os segredos da guitarra, sem professor ou métodos de instrução, seguindo um processo intuitivo para extrair as notas e os sons, ouvindo e copiando nota por nota os solos de Christian. Com isso, desenvolveu seu prórpio sistema, criando um estilo original que contribuiu com algumas inovações para a execução do instrumento, como as passagens em acordese oitavas, estas consideradas teoricamente impossíveis. Mas ele, como autodidata, descobriu esses recursos por acaso, na busca de sua própria linguagem, desconhecendo inteiramente as limitações da guitarra. Wes formou um primeiro grupo com seus irmãos - Buddy (piano e vibrafone) e Monk (o primeiro a utilizar o contrabaixo no jazz). Ao passar por Kansas, Cannonbal Adderley ficou entusiasmado com Wes e assim convenceu ao produtor Orrin Keepnews que o contratasse. Menos de duas semanas depois ele estava com o seu trio no estúdio, saindo do enclausuramento em que viviam na sua cidade, apesar de, anteriormente, haver tocado dois anos com o vibrafonista Lionel Hampton. Wes tinha 34 anos e uma família com 6 filhos e então deslanchava para uma carreira de sucesso - que a morte interrompeu, prematuramente nove anos depois. "The Small Group Recordings" é um álbum duplo com três sessões do grande guitarrista. Duas foram gravadas em 1965 com Wynton kelly (piano), Paul Chambers (contrabaixo) e Jimmy Cobb (bateria) e a restante, em 1966, num encontro com Jimmy Smith, o organista que deu uma concepção moderna ao instrumento. Na primeira sessão gravada no extinto Hall Hote Café, Greenwich Village em Nova Iorque, Wes e o trio revelam uma entrosagem acentuada, dando a cada número do repertório o tratamento compatível com o caráter da composição, desde "No Blues" ( de Miles Davis) a peça modal ("Impressions" de John Coltrane), passando por "Misty" (Errol Carner), o perene "standard", "Willow Weep For Me", o belíssimo "Portrat Of Jennie" e "If You Could See Me Now", uma das obras mais expressivas de Tadd Cameron. A segunda sessão do estúdio é integrada por "Unit 7" (Sam Jones), "Four On Six" (Wes) e o clássico "What's New". O encontro co Jimmy Smith - com a colaboração da baterista Grady Tate e do percussionista Ray Barreto - tem dois temas do organista - o blues "James and Wes" e "Mellow Mood" - uma melodia simples, com longas interpretações que permite ampla liberdade de improvisação. Já em "The Wes Mongomery Trio" (Riverside/Ariola), gravada em Nova Iorque, a 5 de outubro de 1959, traz o trio formado por Wes, Melovin Rhyne no órgão e Paul Parker na bateria. No repertório, standars de Thelonious Monk ("Round Midnight), Harbach-Kern ("Testerdays"), Horace silver ("Ecorah"), Duke Ellington ("Satin Doll"), Lerner-Lane ("Too Late Now" e duas composições do próprio Wes: "Missile Blues" e "Jingles".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
28/10/1984

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