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Ymara e Fernandinha, as atrizes de Sérgio

O cineasta Sérgio Bianchi, 36 anos, não pode se queixar da sorte. No ano passado, em novembro, passou alguns dias em Curitiba tentando fazer algumas seqüências de seu "Romance", tendo então como estrela a atriz Fernanda Torres - antes da explosão que a transformou na superstar de nosso cinema. Problemas de produção fizeram com que as filmagens fossem interrompidas e praticamente Sérgio nada pôde rodar durante os 10 dias em que aqui esteve - enquanto Fernandinha, humildemente, ficava num hotel na Cidade Industrial. Agora, retomando a produção de "Romance" - e com a sensual Ymara Reis (melhor atriz em Gramado-86, por seu papel em "Sonho Sem Fim", de Lauro Escorel), Sérgio não esqueceu, porém, as poucas cenas que havia rodado com Fernandinha Torres, ainda em São Paulo no ano passado - e já havia decidido aproveitá-las na montagem final. Com a premiação da atriz, na última segunda-feira, em Cannes, por "Eu Sei Que Vou Te Amar", aquele material que, aparentemente não teria maior repercussão no filme, passa a ser importantíssimo - e valorizar esta produção de Bianchi, paranaense de Ponta Grossa, que há quase 3 semanas está na cidade, trabalhando com vários nomes nacionais. xxx Ymara Reis, paulista, morena e sensual, tem se mostrado uma notável profissional - tanto é que não tem lhe faltado convites para fazer cinema. Terminou há pouco "História de Vera", de Sérgio Tolledo - filho da atriz Beatriz Segall (que no último domingo aqui esteve, fazendo algumas seqüências de "Romance") e vai atuar em "Nosotros" de Roberto Palmari, cineasta respeitado por dois belos filmes ("Diário de Província" e "Prometido"). Embora fazendo cinema desde 1977 ("Inquietações de Uma Mulher Casada", de Alberto Salvá), só em "A Flor do Desejo", de Guilherme Almeida Prado (1984), é que Ymara passou a ter o merecido reconhecimento. Curiosamente, este filme - uma comédia erótica, ambientada em Santos - permanece inédito em Curitiba, embora seu roteiro tenha sido baseado no canto "Sabrine, de trottair e tacape", de Roberto Gomes, catarinense há 18 anos radicado em Curitiba. Como noticiamos várias vezes, Almeida Prado "esqueceu" de negociar com o autor do canto os seus direitos e por isto ganhou um processo na justiça que se arrasta até hoje. Isto não impediria a exibição do filme, mas o fato é que até agora a fita está inédita. Em compensação, há cópias em vídeo-tape à disposição dos interessados. xxx Falando em atrizes, uma lembrança de Fernanda Torres: em 1965, quando Fernanda Montenegro e Fernando Torres aqui trouxeram a comédia "A Mulher de Todos Nós", Fernandinha completou um ano durante a temporada. A festa de aniversário aconteceu na casa do diretor Cláudio Corrêa e Castro, então casado com a curitibana Ileana Kwasinski, que moravam no Juvevê e tinham um filho, Guilherme, com a mesma idade. A festa foi noticiada na coluna de Carlos Jung e ninguém imaginava que apenas duas décadas depois, aquela menininha chorona seria considerada, em Cannes, a melhor atriz de um festival internacional. xxx Ainda de reminiscências teatrais-familiares: durante a temporada de "A Megera Domada", de Shakespeare, a superprodução do TCP com o qual foi comemorado o 4º centenário de nascimento do dramaturgo inglês em Curitiba, nada menos do que três atrizes que atuavam na peça, com seus maridos, ficaram grávidas: Ileana, Jane Martins e Nicete Bruno, esposas de Cláudio, Maurício Távora e Paulo Goulart, respetivamente. As crianças nascidas em 1965, estão hoje pisando nos palcos da vida. Uma delas, é Beth Goulart - nome nacional. O filho de Maurício e Jane, Adriano, além de ator, seguiu os passos do pai e também já escreveu várias peças. LEGENDA FOTO - Fernanda Torres: uma ponta no filme de Bianchi.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
23/05/1986

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