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Vera, a modelo de Dior que trabalhou com Malle

De uma família de raízes teatrais, Vera Barreto Leite (*), 55 anos completados dia 27 de maio, assumiu a personagem Matilde - a atriz que sonha em voltar aos palcos, num espetáculo com o seu amigo-amante, meio músico, meio ator (Felipe Camargo) - por acaso. Após a frustração de ver suspenso o projeto "As Bacantes" com o qual seu amigo José Celso Martinez Corrêa pretendia reinaugurar o Teatro Oficina (SP), aceitou trabalhar como assistente do jovem Maurício Abud, que havia conhecido junto ao grupo de Zé Celso, numa montagem em que a atriz seria Maria Gladys. Mais identificada como modelo famosa dos anos 50 - quando, residindo em Paris (1952/62), foi nome famoso nos desfiles de Chiapareli, Dior e Chanel, Vera - ao contrário de sua irmã Dudu - pouco se dedicou ao teatro. Mesmo no cinema - em que começou de forma especial como assistente e figurinista (além de aparecer em pequenos papéis) em dois dos mais densos filmes de Louis Malle ("Trinta Anos Esta Noite"/Le Feu Follet", 63; "O Sopro do Coração"/Le Souffle ao Coeur", 70) - sua presença tem sido reduzida ("Até que o Casamento nos separe", 68, de Flávio Tamberline, "Surucucu Catiripapo", 73, de Neville D'Almeida - nunca exibido comercialmente). Entretanto Vera Barreto Leite é um dos nomes que marcaram os anos 60 - especialmente como modelo e que, em 1963, teve a coragem de posar nua para a revista "Fair Play", ganhando glamoroso texto de seu amigo Rubem Braga. Casada duas vezes - a primeira com o ator Luís Linhares, a segunda com Pedro Moraes (filho do poeta Vinícius), duas filhas - a mais nova, a hoje também atriz Mariana, 22 anos (a serem completados dia 30 de setembro), Vera Barreto Leite tem, em si, marcas de uma travessia por 3 décadas de repressão política, drogas e muitos amores assumidos. Assim, sua interpretação de Matilde, a personagem múltipla deste "60 e Over" não deixa de ser uma espécie de catarse - "afetuosamente e plenamente realizada". NOTA (*) - Maria e Luísa Barreto Leite foram atuantes mulheres no teatro brasileiro nos anos 40/60. Dudu, residiu por dois longos períodos em Curitiba, aqui fazendo muitas peças. Vera passou sua juventude em Paris, quando a mãe Maria ali trabalhava na Embaixada do Brasil. Há três anos, Maria Berreto Leite aqui passou uma temporada, inclusive inaugurando um espaço teatral (que não se consolidou) com um monólogo político, em que falava de seu período de guerrilheira urbana e prisões após a revolução de 1964.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
20/08/1991

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