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Aramis

De Braços Abertos, uma peça magnífica

Quando o espectador assiste um espetáculo como "De Braços Abertos" (auditório Salvador de Ferrante, 30 de abril a 11 de maio) sai feliz do teatro. Feliz por ter visto um espetáculo profundo, de empatia com a realidade, montado por grandes profissionais e, sobretudo, realizado com extrema competência. Estreando em São Paulo, no TAIB, em 10 de outubro de 1984, ficou mais de um ano em cartaz e recebeu os principais prêmios em 1984: Molière (atriz e autora); Mambembe (atriz, autora e produção); APETESP (autora, diretor, espetáculo, produção executiva e trilha sonora). As premiações e a freqüência do público confirmaram: "De Braços Abertos", de Maria Adelaide Amaral, com Irene Ravache e Juca de Oliveira, foi o melhor espetáculo teatral de 1984, permaneceu com este destaque no ano passado e agora, para alegria de quem sabe apreciar o bom teatro, terá uma temporada de quase duas semanas em Curitiba. xxx A emoção, sinceridade e profundidade de "De Braços Abertos" faz com que este espetáculo seja recomendado de todas as formas. Afinal, há muito que Curitiba ficou restrita a poucos espetáculos de nível, submetida a um roteiro de peças caça-níqueis encenadas por atores e atrizes de grande Ibope graças à televisão, trazendo comediotas sem maior significado. Quando intérpretes da dimensão de Irene Ravache e Juca de Oliveira, um texto seguro, como o de Maria Adelaide e uma montagem irrepreensível, dirigida por José Possi Neto, se conjugam com tanta perfeição o resultado só pode ser aquele que o rigoroso Sábato Magaldi (atualmente morando em Paris) classificou em entusiástico comentário no "Jornal da Tarde", em 20 de outubro de 1984: "'De Braços Abertos' estabelece com a platéia uma comunicação vital, como verdadeira obra-prima". xxx A propósito, Magaldi - reconhecidamente um dos mais equilibrados críticos de teatro do Brasil - não poupou elogios a "De Braços Abertos". Eis trecho de seu comentário: "Não é sempre que o teatro oferece momentos de plenitude, a sensação de estar vivendo uma experiência fundamental, que bole com lembranças recônditas. Numa temporada que, de súbito, se tornou estimulante, um desses momentos privilegiados é "De Braços Abertos". Embora a desmontagem das partes seja a função da crítica, no caso desse espetáculo importa a síntese, a harmonia perfeita obtida pelo texto de Maria Adelaide Amaral, a montagem de José Possi Neto, o desempenho de Irene Ravache e Juca de Oliveira, o cenário de Felippe Crescenti e os figurinos de Leda Senise. Uma dessas realizações de que o espectador sai profundamente enriquecido, pela soma de dados em jogo." xxx Uma história de amor. Do amor que foi e volta. Narrado em flash-back, na mesa de um bar. Um casal de ex-amantes: ele, jornalista, 40 anos, profissionalmente frustrado, descrente de valores e da sociedade; ela, artista gráfica, 33 anos, rica. Ambos casados, tiveram um intenso relacionamento afetivo há cinco anos passados. Um jogo de entrega e recusa acaba provocando a ruptura. Após cinco anos de separação, um reencontro coloca em pauta os medos, as repressões, as mágoas e o mascaramento de um afeto, além da impossibilidade de viverem plenamente a paixão. Com este material, Maria Adelaide construiu uma peça, por ela própria definida de "pura emoção". Uma emoção que estará no palco do Salvador de Ferrante, a partir da próxima quarta-feira, 30, absolutamente imperdível. LEGENDA FOTO - Irene Ravache e Juca de Oliveira em "De Braços Abertos": a melhor estréia no Guaíra neste semestre. A partir de quarta-feira, 30.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
13
26/04/1986

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