Login do usuário

Aramis

Arbitrariedades culturais preocupam prefeito Jaime Lerner

Com uma dignidade e ética que, infelizmente, falta na cúpula da Fundação Cultural de Curitiba, o prefeito Jaime Lerner está preocupado com a grave crise pela qual já passou o organismo cultural do município. Chocado com as arbitrariedades cometidas pelas diretoras Lúcia Camargo e, especialmente, a assistente social Celise Niero da qual só veio tomar conhecimento, em toda sua gravidade, ao retornar do Rio de Janeiro, na semana passada, Jaime Lerner está, democraticamente, procurando analisar, com cabeça fria, a dimensão dos problemas provocados - consciente da repercussão negativa que tais fatos trazem a imagem de sua administração - que graças ao trabalho de outros setores, possibilitou uma nova consagração popular - representada por sua classificação como prefeito mais competente do país - na pesquisa DATA/FOLHA, divulgada no último domingo. Como sempre fez desde sua primeira administração, Jaime Lerner é contra a injustiça, a arbitrariedade e a violência. Por sua formação espiritual e moral, sofre quando sabe de que pessoas são prejudicadas e, preocupado em ser justo, reflete profundamente antes de tomar decisões importantes. Assim, a demissão injusta de Francisco Alves dos Santos, que conhecia há pelo menos 18 anos, juntamente com outros 4 servidores da Cinemateca - bem como a inabilidade e arbitrariedade da assistente social Celise Niero, ao impedir o registro pela Associação de Pesquisadores da MPB do show de Gonzaguinha no Paiol, dia 20 de abril - perdendo-se assim um precioso registro do último show do compositor, morto no último dia 29 - fazem com que Lerner examine, no decorrer dos próximos dias, a forma de dar uma satisfação aos ofendidos e mostrar a opinião pública de que não compactua com atos desautorizados e infelizes de assessores incompetentes. A repercussão nacional da demissão de Francisco Alves dos Santos - cujo estado de saúde preocupa seus amigos - assim como os reflexos do manifesto nacional dos pesquisadores de MPB preocupam profundamente Lerner. No sábado, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, levou à Avenida Luís Xavier ("Boca Maldita"), um painel reproduzindo as páginas dos jornais em que os fatos denunciados foram divulgados nos últimos 10 dias. Milhares de panfletos, com título de "Assista este filme: participe!" também estão sendo distribuídos. O manifesto - dos mais oportunos - após lembrar a demissão injusta dos cinco funcionários da cinemateca, diz: "No Brasil de COLLOR, ZÉLIA, JARBAS PASSARINHO e CIA, esse tipo de atitude tem sabor de reprise: demissões sumárias, desrespeito a estabilidade de funcionários públicos e perseguições por motivos políticos, autoritarismo e intolerância. A Secretaria de Cultura de Curitiba não é de LÚCIA CAMARGO ou da CELISE. A cultura não pode ficar sujeita aos caprichos (e relaxos) dos donos do poder. Os expurgos, como o que ocorreu em 1989 com o pessoal do "Projeto Circo da Cidade" e os ocorridos agora na Cinemateca, precisam de uma resposta a altura. O Sindicato da categoria está mobilizando e todos nós devemos comprar esta briga em defesa dos direitos dos trabalhadores e da cultura curitibana.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
20
07/05/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br