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Aramis

Dirck viaja ao tempo nas estórias de "Vida Brava"

Em 1962, quando a experiência do socialismo tropical de Fidel Castro provocava frissons, uma intelectual de Curitiba, participante ativa em movimentos sociais e precursora em feminismo, Dirck Almeida, foi convidada a visitar a ilha. Em seu retorno, escreveu uma série de crônicas que resultaram no livro "Uma Brasileira em Havana" (editora Fulgor), o que, dois anos depois, lhe custaria aborrecimentos e intimação para depor em inquéritos que se seguiram ao golpe de 1º de abril de 1964. Hoje, 29 anos depois, a Sra. Dirck Almeida, 74 anos, completados no último dia 24 de agosto, mato-grossense de Santana do Parnaíba mas desde 1954 morando em Curitiba, recorda a experiência que teve - "da qual guardo as melhores recordações por ter conhecido Cuba em seu desabrochar socialista". Lembrando que "fui, sou e sempre serei uma mulher socialista, preocupada com o bem estar do próximo", dona Dirck é daquelas pessoas cativantes, de muitos amigos e que ao longo de uma vida de trabalho foi professora, secretária, executiva - desde a pasta da Agricultura em São Paulo nos anos 40 até a Goodyear, em Curitiba, fundadora da cooperativa de eletrificação rural em São José dos Pinhais e sempre gostou de escrever. Foi redatora de "Casa & Jardim" e em sua gaveta tem contos e uma novela sertaneja que agora deixa de ser inédita: "Vida Brava" (95 páginas, edição da autora, Cr$ 1.550,00, lançamento dia 11, na Livraria Dário Velloso) é um texto afetuoso, nostálgico, de seus dias de infância e basicamente das recordações de um cão - o Tapir. Jamil Snege, publicitário e escritor, na "orelha" da obra, salienta a forma com que Dirck escreve, pois revela "a presença de uma autora que, sabendo-se ocultar atrás das palavras, cria-nos a ilusão de que a história existe por si mesma". Tendo publicado o livro por estímulo de seu marido, Benedito Domingues Silva - um dos fundadores da Comissária Galvão - e da filha Olinda (*), dedicando-o a memória de seu filho Ariel (1942-1988), dona Dirck, com simplicidade, diz que não tem pretensões de escritora, mas quem conhece seus contos espera que, em breve, eles também ganhem a forma impressa. Nota (*) Atriz amadora e líder estudantil nos anos 60, Olinda Telles, 34 anos, é hoje assessora na área de Recursos Humanos da Prefeitura de Curitiba e, sempre ligada ao meio artístico-gastronômico, inaugurou há pouco um original restaurante dietético, o Maria Malagueta (Rua João Guilherme Guimarães, 42, fone 335-9594).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
23
31/08/1991

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