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Aramis

Imagens coloridas e turísticas de Manzon

Nos anos 50/60, enquanto as platéias dos cinemas recebiam com vaias e irritação os cine-jornais da "Amplavisão" do ítalo-paulista Primo Carbonari ("Conheça primeiro o que é teu, para depois conheceres o que é dos outros..."), os documentários coloridos com a marca do franco-brasileiro Jean Manzon eram aplaudidos. Mesmo com patrocínios diretos, os curtas de Manzon documentavam de forma agradável grandes empresas, obras (especialmente do setor energético), trazendo imagens que constituem hoje um acervo das transformações no Brasil. Paralelamente, Manzon desenvolveu alguns projetos mais artísticos - como o "Samba Fantástico", longa rodado em 1954 que foi levado ao Festival de Cannes em 1955 e cuja trilha sonora transformou-se num sucesso na Europa. Em 1958, "A Amazônia", 20 minutos, obtinha uma premiação na Bienal de Veneza, seguindo-se "Portugal dos meus Amores" (1969, longa, medalha de ouro no 3º Festival Internacional do Filme de Turismo, Paris), "Rio Welcome You" (1970, 30 minutos, premiado num festival internacional de filme de turismo), "Uma Canção Brasileira" (1980, 1h20 minutos, que foi um dos primeiros filmes brasileiros levados à China) e "Brasil, Terra de Contrastes" (1983, 1h20 minutos, mostrado no Lincoln Center em Nova Iorque). A morte de Jean Manzon, aos 74 anos, em Lisboa, no dia 1º de julho de 1990, após uma queda na escadaria da casa onde passava férias, interrompeu o trabalho que vinha fazendo na moviola sobre "Brasil Novo", 40 minutos, um panorama sócio-político sobre o Brasil depois das eleições. Seu filho, Jean Pierre, 36 anos, que já vinha procurando dinamizar a produtora, não só continuou a obra do pai, como decidiu procurar novos canais. Assim, vem produzindo um dos mais inteligentes e agradáveis programas de entrevistas ("Expressão Nacional"), apresentado pela atriz Irene Ravache, na TVS (em Curitiba, pela TV Iguaçu), às 00h55 das noites de segunda-feira. Dispondo de um acervo de mais de 900 curta-metragens sobre aspectos sócio-econômicos e geográficos brasileiros, os arquivos de Manzon possibilitam a montagem de centenas de documentários, de diferentes metragens e múltiplas temáticas. Afinal, Manzon, nascido em Paris e que veio para o Brasil após a II Guerra Mundial (quando recebeu inclusive a "Cruz de Guerra" pelo trabalho na Marinha Francesa), sempre foi um jornalista de olhar atento. Trabalhou no Departamento de Imprensa e Propaganda e convidado por Assis Chateaubriand, marcaria época como fotógrafo dos Diários Associados, além de reportagens históricas para a revista "Cruzeiro", quase sempre em parceria com David Nasser. xxx O programa de Jean Pierre Manzon na televisão além da escolha de excelentes temas e entrevistados (na última semana focalizou Veneza, entrevistando o compositor Pino Donagio, autor de 65 trilhas sonoras, inclusive as dos filmes de Brian de Palma), inovou também ao eliminar a incômoda (irritante muitas vezes) figura do(s) entrevistador(es). Assim, em montagens enxutas, sabendo dinamizar o máximo as declarações gravadas, "Expressão Nacional" é hoje um dos mais agradáveis programas da televisão brasileira. Em vídeo, faz também duas inovações: especialização em documentários - especialmente com apelos turísticos-ecológicos - e a escolha do "sell-thought" (venda direta), em condições de aproveitar um amplo mercado, com venda direta em milhares de pontos de vendas (magazines, livrarias, bancas de jornais, hipermercados, etc.). O primeiro pacote, colocado à venda em março, traz "As Mil Faces de Tóquio", no qual faz uma radiografia da capital japonesa; "Brasil Turístico", "Amazônia, a Verdadeira História" e "Alemanha Turística", todos dirigidos por Jean Pierre. Selecionando as melhores imagens - a qualidade fotográfica e o bom gosto na junção das trilhas sonoras sempre marcaram as produções de Manzon. Agora, em abril, o selo Jean Manzon Home Vídeo trará mais cinco títulos destinados prioritariamente à venda direta: "Carnaval em Veneza", "Argentina", "Vinhos da Califórnia", "Florianópolis" e "Praias do Nordeste". Paralelamente, a empresa continua produzindo novos títulos em 35mm e Betacam, além de programar entrar na faixa de fitas infantis didáticas, da linha "How to Do" (como fazer), de medicina e de esportes. A comercialização dos vídeos no mercado externo, bem como TV a cabo e convencional, são outros segmentos para dar a produtora um novo impulso empresarial e artístico.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
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21/04/1991

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