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Aramis

Poetas deste nosso Paraná

Quem são os poetas paranaenses? E quantos? Em princípio, há muitos poetas paranaenses. Mais do que se imagina. Após 30 anos de pesquisas, dona Pompilia Lopes dos Santos inventariou mais de 170, desde Salvador José Corrêa Coelho, que nascido em 1821, foi o primeiro de nossos bardos, até contemporâneos como o lusitano João Manoel Simões, que aqui se radicou há quase 30 anos. Um trabalho de garimpagem feito com muito amor, "Sesquicentenário da Poesia Paranaense" (311 páginas, editora Lítero-Técnica), que dona Pompilia consegue publicar graças a sensibilidade do diretor-regional do BRDE, Carlos Antônio de Almeida Ferreira - patrocinador da obra - este volume será lançado amanhã, 14, na Sala Bandeirantes de Cultura. Quase aos 85 anos - a serem completados no próximo dia 7 de agosto - dona Pompilia Lopes dos Santos está, ao lado da sempre admirável Maria Nicolas. Como exemplo de vigor intelectual. A idade só tem feito estimular mais seus trabalhos intelectuais e a prova está neste exaustivo volume em que reuniu dados biográficos e exemplos de poesias de mais de 170 paranaenses (ou aqui radicados). E se o trabalho não é totalmente completo, deve-se a discrição de dona Pompilia, em relação a vaidade feminina: todas as poetisas tiveram em suas biografias, generosamente, omitidas as datas de nascimento. Ela própria reconhece: - "Eu sei que isto é um dado importante. Mas especialmente as minhas amigas antes de poetisas, são mulheres. E a vaidade da idade é um fato". Dona Pompilia, entretanto, não esconde sua idade: curitibana que nasceu com o século XX, foi aluna de Julia Wanderley e em 1918 já era professora normalista. Ao lado de seu marido, professor e poeta Dario Nogueira dos Santos (1899-1982), lecionou em Guarapuava, Antonina, Paranaguá e Curitiba - ele ensinando física e química, ela língua e literatura francesa. Há 36 anos, dona Pompilia publicava seu primeiro livro - o romance "Afinidade", ao qual se seguiria um estudo social sobre as penitenciárias ("A Fila Triste", 1956), um romance histórico ("Origens, 1961) e um livro de memórias ("Caminhada: da Universidade a Itaipu", 1975). Nos últimos 10 anos trabalhou neste "Sesquicentenário da Poesia Paranaense" que ao citar Salvador José Corrêa Coelho como pioneiro de nossa poesia, faz com que Fernando Amaro de Miranda perca a condição de ser o primeiro dos poetas paranaenses - embora a obra de Corrêa Coelho seja bem menos importante. O levantamento de dona Pompilia procurou abarcar principalmente os poetas do século XIX e os da primeira metade deste século XX - incluindo bissextos, como a jornalista Rosy de Sá Cardoso, que como tantas pessoas de sensibilidade também cometeu seus poemas. A partir dos anos 50, surgiram inúmeros poetas que, em escolas não convencionais, muitos rebeldes inclusive aos princípios tradicionais, usando meios diversos (edições mimeografadas, folhas avulsas e até chegando ao grafitti) marcaram novos tempos. Estes, obviamente, não são cobertos na antologia de dona Pompilia. xxx Independente, assim de ser um levantamento apenas parcial da poesia paranaense, o volume de Pompilia é admirável pelo carinho e empenho com que foi realizado. A leitura de centenas de volumes e consultas a amarelecidas coleções de jornais e revistas para extrair exemplos de poesias de cada um dos mencionados e a sua interpretação pessoal num estilo suave faz com que mereça todo o respeito por esta edição - um volume que chega às mãos dos leitores graças ao patrocínio do BRDE, organismo que vem, felizmente, mostrando grande apoio a projetos culturais. xxx Mesmo se concentrando basicamente nos poetas mais velhos, dona Pompilia não deixou de citar ao menos uma autora da geração dos anos 50: é Zeide Saleite Pagnocelli, paranaense de Pato Branco, nascida em 1956. Por coincidência - e como o livro colocou todos os autores em ordem alfabética - é ela que encerra o volume. LEGENDA FOTO - Dona Pompilia: garimpagem da poesia.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
14
13/03/1985

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