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Aramis

Rozala, guardião do templo

Gravando um dos mais preciosos documentos para o projeto Memória Histórica do Paraná, o professor Rozala Garzuze não falou apenas do Instituto Neo-Pitagórico - que preside há 52 anos, e da personalidade ímpar, admirável e multifacetada de seu fundador Dario Vellozo. Embora modesto ao extremo, Rozala falou sobre sua vida de garoto pobre, que nascido na cidade de Gibeu, no Líbano, em 2 de fevereiro de 1906, veio com irmãos e a mãe, Anice, para o Brasil com dois anos. Depois de três anos em Curitiba, a família foi para Irati, onde o pai, Assef - que havia emigrado 5 anos antes - trabalhava como mascate. Em 1920 veio para Curitiba, para fazer os estudos do 2º grau, estudando numa escola particular - o Instituto Becker (que funcionava no palacete "Tigre Royal", na Praça Generoso Marques) - com características de ensino tão diferenciadas que merecem até ser pesquisada pelos historiadores (se é que existem) de nosso ensino - pois até hoje nunca se fez referência a esta escola do início do século. Aluno também do Gymnasium Paranaense, ali foi editor do jornalzinho "Alvorada", que por matérias críticas à Igreja, acabou sendo proibido de circular e custou perseguições a ele e seus colegas. Sobrevivendo como professor, para custear seus estudos na Faculdade de Medicina (formou-se em 1929), sua amizade e admiração por Dario Vellozo data desde seus 16 anos. A freqüência ao Templo das Musas, a identificação com as idéias neopitagóricas e, mais tarde, uma aproximação familiar - casou com Carmen, uma das 8 filhas do professor Vellozo (que teve também três filhos homens) - o levariam a ser o único a dedicar-se com entusiasmo aos ideais do Instituto e por vontade testamental, foi designado para sucedê-lo em sua obra. E neste meio século que preside o Instituto, Rosala Garzuze procurou manter vivos os ideais do professor Dario. Viu passarem centenas de pessoas pelo Instituto, acompanhou épocas de maior ou menor freqüência e, com otimismo, sempre soube enfrentar dificuldades maiores - como foi o incêndio em 25 de agosto de 1987. Tal como o nome da revista oficial do Instituto - "A Lâmpada" ("cujo número 196 circulará quando houver recursos"), o professor Rozala não se mostra pessimista em relação ao futuro. Mesmo sem divulgação - a conclusão das obras de restauração do templo não foram publicadas em nenhum jornal - as reuniões têm merecido freqüência de associados, dentro da (pequena) capacidade e o do local e, como já fez no passado, o Instituto voltará a promover cursos. Para quem identifica o Instituto Neo-Pitagórico como imagem milenarmente congelada, só uma informação basta: foi ali que aconteceram os primeiros cursos livres feitos no Paraná sobre cibernética (há mais de 20 anos) e parapsicologia. Rosala Garzuze, com sua experiência de 60 anos de magistério, só lamenta que em nossos dias não haja mais mestres como foi Dario Vellozo, cujo conhecimento e carisma faziam com que os discípulos - na ampla extensão da palavra - buscassem sua companhia. - "É uma triste realidade: desapareceram os líderes do magistério!".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
02/07/1989

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