Login do usuário

Aramis

A sombria Siouxsie e as novatas Crystal e Cathy

Duas novas vozes e o retorno de uma já conhecida no último pacote da Polygram, marketing atento aos balanços do consumo jovem. As novidades são Cathy Dennis ("Move To This") e Crystal Waters ("Surprise") e a já conhecida é a Siouxsie (Susan Janet Dallion), que de estreante não tem nada: ao contrário ela e seus Branshees chegaram ao 12º elepê de uma carreira marcada pelo clima sombrio, a voz translúcida, hipnótica e ampla que não mudou nesta década de estradas; Soiuxsie mais Budgie, Steven Severin (não confundir com o SAVARIN, o astuto lojista de discos em Curitiba que conseguiu fazer fortuna na área fonográfica) junto ao guitarrista Jon Klein e o tecladista Martin McCarrick. As músicas de Siouxsie falam de universos densos, pesados, quase numa proposta sobrenatural. Como diz um dos releases da própria gravadora, "como uma esfinge, caprichada mais do que nunca nas metáforas e nos enigmas mas a voz é a de sempre, ao mesmo tempo gutural e sensual enevoada e limpa". Se Siouxsie se mantém numa linha já conhecida, Crystal Waters tenta ser uma "Surprise" em seu primeiro LP editado no Brasil, Dance music não tem muitas condições de surpreender. Assim mesmo Crystal cercou-se de três super-produtores que, modestamente (sic) se autodenominam The Basement Boys, para a estréia desta garota que tem antecedentes familiares de crédito: o pai era músico de jazz, Júnior Waters e a tia, Ethel Waters, marcou época, inclusive na Broadway e cinema. Assim, a formação musical de Crystal foi de Jackson 5 e Aretha Franklin, Sarah Vaughan a Betty Carter. Estudou em Harvard, fez shows em Washington e acabou emplacando mesmo com uma dance music tipo "La Da Dee La Da Da" em "Gypsy Woman". O refrão é contagiante e o La Da Dee La Da Da fará Crystal ser sorvida rapidamente. Sem precisar de gim tônica. Outra garota que aparece á Cathy Dennis, 22, cantando desde os 12 anos, também com hereditariedade musical: o pai pianista e a mãe vocalista caprichavam nas jamsessions em Norwich, Inglaterra, e aos 14 anos ela já cantava em bandas de rock. Aos 12 chega em Londres e um pigmaleão eletrônico, Dancin'Danny D, house-and-rapper, remixador, produtor e multi-mídia a inclui na gravação de "C'Mon And Get My Love". O disco emplacou e logo chegava aos Estados Unidos. Começou abrindo shows para Taylor Dany, Young MC e até os vigaristas Milli Vanilli (a dupla fajuta que apenas dublava as gravações de outros artistas). No LP "Move To This", Cathy tenta misturar, ingenuamente, jazz, rock, soul, folk e, pasmem, clássicos. Com exceção de "C'Mon And Get My Love", todas as outras músicas são de sua autoria e teve presenças de destaque em alguns momentos, tudo dentro de um esquema muito bem feito para rápido consumo. Afinal ela só tem 22 anos, é bonitinha e a indústria fonográfica quando quer faz nascer ídolos de consumo.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
4
06/10/1991

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br