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Aramis

Um poeta de bem com a vida: Luís Coronel

O professor Hélio de Freitas Pugliesi, um dos intelectuais curitibanos de mais sólidas leituras, não se conteve e foi o primeiro dos espectadores que lotavam, no entardecer de terça-feira, 7, o Auditório Paul Garfunkel, a inquerir o conferencista Luís Coronel sobre a "felicidade" em torno de sua poesia. Hélio insistiu em procurar saber, por parte do poeta gaúcho, a razão de sua poesia - e seu comportamento, externar "tanta felicidade e otimismo". Realmente, durante as quase duas horas em que falou para uma platéia atenta e interessada, o autor de "Buçal de Prata" transmitiu, em prosa & versos (seus), a imagem de um escritor "de bem com o mundo" - conforme as palavras do próprio Hélio, em que o humor, a fina ironia e sobretudo o otimismo pautam uma obra espalhada em nove livros, infelizmente pouco conhecidos fora do Rio Grande do Sul. Se tivesse trazido seus dois trabalhos mais recentes, "Lunarejo" e "Cavalos do Tempo", por certo teria vendido todos os exemplares: a amostra, oral, de seus poemas emocionou aos que tiveram a felicidade de ouvi-lo, na palestra que abriu o Seminário de Lilteratura que a Biblioteca Pública promoveu nesta semana. O bom humor e o otimismo de Luís Coronel, 50 anos, gaúcho de Bagé, somado a uma extrema comunicabilidade, fez com que o roteiro que pretendia desenvolver na palestra - abordando a poesias & poetas genericamente, fosse mudado, quando o mediador da reunião, o bardo Alberto Cardoso, entusiasmado, o interrompeu com uma pergunta pessoal. Até então, Coronel havia desenvolvido apenas 5 dos 19 pontos que tinha previsto, e os rumos da palestra mudaram: ao invés de falar sobre a rima, Borges (de quem é um dos grandes conhecedores do Brasil), as poesias inglesas, francesa e espanhola, Cocteau e outros autores, teve que centrar as respostas em torno de sua obra - pela insistência das perguntas. Em seu ecletismo e informação - fato do que, sem falsa modéstia, se orgulha - Luís Coronel falou dos vários aspectos da função do poeta, explicando, inclusive que ele, advogado da turma de 1960 da Universidade do Rio Grande do Sul, preferiu, após dois anos de magistratura (foi juiz em Campo Bom e Cangussu, entre 1965/70), trabalhar como publicitário (hoje é dono da quinta agência gaúcha, a Exitus) do que "o sofrimento de julgar os outros e que me transformava cada vez que era obrigado a condenar alguém". Explicando ser possível criar e fazer arte na propaganda (muitas de suas peças ganharam premiações nacionais), Coronel admitiu, também, que há o peso das campanhas "apenas comerciais", mas, afinal, "toda profissão tem o seu padecimento". xxx Vice-presidente do Conselho Estadual de Cultura, Luís Coronel tem sido um dos mais hábeis negociadores em termos de aplicação de recursos da lei Sarney. Só para 1988, prevê investimentos na ordem de Cz$ 100 milhões, através de edições com a Tchê, incluindo um novo livro com ilustrações de Ziraldo - e voltado para as crianças, público que o fascina. Nos últimos anos espalhou suas poesias em mais de 20 artísticos posters, ilustrados, a cores, com trabalhos dos melhores artistas gaúchos e, dentro de algumas semanas, em companhia de outro grande poeta gaúcho, Luís de Miranda, sobe ao palco do Teatro São Pedro, para o recital "Os Luises" - numa experiência direta de chegar ao público.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
11/06/1988
Amo o poeta Luiz Coronel. Assisto a ele na TV, em programas como o do Clóvis Duarte e leio sempre suas poesias no Jornal Correio do Povo, do qual sou assinante.(Nat)

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