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Aramis

CLÁSSICOS (III)

Um dos motivos que levam as gravadoras a lançarem discos de música erudita é o fato de que o público que absorve este gênero ter, apesar da crise que enfrentamos, um bom poder aquisitivo. Consequenternente pode adquirir não apenas lançamentos isolados, mas coleções completas de autores, intérpretes ou ciclos. Por exemplo, há poucos meses a Polygram - que representa a notável Deutsche Grammophon no Brasil, lançou uma indispensável coleção de sete álbuns com as Nove Sinfonias de Beethoven, na interpretação da Orquestra Filarmonica de Viena, sob a regência de Leonard Bernstein, o notável maestro arnericano - aposentado há alguns anos da direção da Filarmônica de Nova Iorque, mas que continua atuante corno convidado das maiores orquestras do mundo. Por exemplo, em um espaço relativamente curto, e regeu estas nove sinfônicas de Beethoven – com a Orquestra Filarmônica de Viena, no festival de Salzburgo, depois em Viena, na grande sala de Musikverein e, finalmente na Opera do Estado. Como diz o musicólogo Franz Endler, seria um erro presumir que o pensamento principal de Bernstein fossem as gravações com programas de televisão que vinham sendo feitas desses concertos; sua preocupação principal era realizar as obras diante de públicos - que para ele são indispensáveis para urna execução - com uma orquestra que ele tem na mais alta estima. Bernstein estava consciente de que câmaras e microfones haviam sido instalados em volta da orquestra, mas sua presença era menos importante para ele do que muitos amantes da música poderiam imaginar. Em meio a uma confusão de cabos elétricos e refletores, e na tensa atmosfera de urna interpretação sendo captada "para sempre", Bernstein ouvia a música e nada mais. Quando urna execução terminava, ele estava ainda incapaz de falar sobre qualquer outra coisa que não fosse música. O resultado está nestes sete elepes, "segurando" em si as nove sinfonias de Ludwig Van Beethoven, em interpretações transparentes, esplendidamente contemporâneas em sua mensagem. Muito sirnplesmente elas revelam que, mesmo em nossos dias, a sensibilidade pelas relaçõs espirituais abrangentes não se entorpeceu. VOZ, PIANO, TELEMANN, ETC.- Tanto o espanhol Placido Domingo, quanto o italiano Luciano Pavarotti tem alternados suas carreiras nos palcos mais importantes com atuações cinematográficas. Pavarotti está nas telas em "Uma Voz Para Milhões" (Yes Giorgio), de Franklin Smaffoer - já lançado no Rio/São Paulo e cuja trilha sonora a Polygram incluiu na série "O melhor do Cinema". Placido é o astro do "La Traviatta", direção do especialista Franco Zeffirelli - ainda inédito no Brasil. Estes dosi tenores também tem alternado gravações de óperas com experiências da música popular - excelentemente bem aceitas. "The Best Of Domingo" (Deustsche Grammophon/Polygrarn) traz Placido Domingo, num elepê com montagens do arias de várias óperas, anteriormente editadas na integra: "Ainda" "Rigolotto", "La Traviata", "Um Ballo in maschera" de Giuseppe Verdi, (1813-1901); "Carmen" do Georges Bizet (1838-1875); "Turandot" de Giacomo Muttini (1858-1924); "Martha" do Friedrich Von Plotow (1812-1883); "O Elixir do Amor" de Caetano Donizetti (1797-1848); o "Os Contos de Hoffman" de Jacques Offenbach (1819-1880). Uma gravação preciosa - espécie de Trailer - do virtuosismo de Plácido Domingo, um dos maiores cantores líricos da atualidade. Franz Liszt (1811-1886) escreveu aproximadamente 80 canções, frequentemente selecionando seus textos dos principais poetas dos seis idiomas em que compunha. Apesar de trazerem, algumas vezes, erros do acentuação, suas canções iam do lirismo simples do "Es klingi muss em Wunderbares" A serenata da textura habitualmente variada do "Kling leise, meim Lied" ou a ardente declamação do "Vergifte sind meim Lieder". Já Bela Bartok (1881-1945) escreveu algumas canções schumannianas sobre texto alemão mas em sua maturidade todas as energias voltadas para a canção foram para a apresentação – em estilo original cada vez mais livre – de melodias folclóricas e as únicas canções artísticas de sua produção são as cinco do Opus 15, gravadas pela soprano Sylvia Sass, acompanhada do pianista Andras Schiff, num registro da London/- Decca Record - que a Polygram lançou no Brasil há dois meses. São oito canções do Liszt e as cinco canções que Bartók compôs em 1916, num lançamento precioso para quem deseja conhecer aspectos usualmente pouco registrados do talento do Liszt e Bartók - na voz belíssima da soprano Sylvia Sass. A pianista Alicia de Larrocha tem um novo elepe lançado no Brasil (London/ Polygram). Desta voz interpreta as sonatas de Domenico Scarlatti (1685-1757) o Antonio Soler (1729-1783). 1729 foi um ano importante na história musical da Espanha. Nesse ano o napolitano do 43 anos, Scarlatti, que por algum tempo residiu em Portugal, foi nomeado para a corte em Sevilha. Elo passou os restantes 28 anos de sua vida em Madri, trabaIhando para a corte. A essa associação devemos a parte mais celebrada do sua produção: mais do 500 sonatas vividas e de pitorescas e maravilhosa diversidade, todas para teclados. 1729 foi também o ano de nascimento de Soler, menos famoso até agora do que Scarlatti, mas um criador substancioso, cujos dons só em nosso tempo começam a atrair uma justa medida de apreciação. E uma criteriosa escolha das mais belas sonatas do Scarlatti o Soler, resultou um álbum precioso de Alicia de Larrocha, uma vituose do piano que vem registrando obras fundamentais da literatura musical. Carlo Maria Giulini, um dos cinco regentes mais respeitados da atualidade, a frente da Filarmônica do Los Angeles, nos apresenta numa gravação digital (Deutsch Grammophon/Polygram) duas obras notáveis de Robert Schumann (1810-1856): a sinfonia no 3, opus 97 ("Rjenish") e a abertura de "Manfred" (opus 115). Outro disco precioso que a Polygram lançou no Brasil e da The Academy Of Ancient Music, grupo do música antiga que utiliza instrumentos autênticos, liderada pelo maestro Christopher Hogwood. Na série Florilegio, editado pela L'Oiseau-Lyre (anteriormente lançada no Brasil pela Odeon), temos os concertos duplos e triplos de Georg Philipp Telemann (1681-1776).
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Música
Música
17
11/09/1983

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