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Aramis

No quartel do CPOR, o lugar para o Museu David Carneiro

Mais um espaço cultural para a cidade. Aonde hoje está o 5º Batalhão Logístico e a 5ª Companhia de Material Bélico do Ministério do Exército, uma área para sediar bibliotecas, um auditório e, talvez, o Museu David Carneiro. Uma fachada de cultura para o grande empreendimento comercial que o grupo Irmauad vai implantar na Praça Oswaldo Cruz. xxx As negociações ainda estão em andamento, e o projeto é para se efetivar apenas dentro de alguns anos. Mas as demarches entre os diretores da Irmauad - que venceu a concorrência pública do Ministério do Exército para viabilizar a transferência das instalações militares da Praça Oswaldo Cruz e, em troca, ocupar esta priviligiadíssima área central, estão em boa fase junto ao Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano. Embora as negociações em termos da permuta da área - negócio ao redor de US$ 15 milhões - pela construção de unidades militares no Pinheirinho tenham sido feitas entre o Exército e a firma vencedora da concorrência nacional, a Prefeitura é interveniente da operação. Afinal, como e de que forma a Irmauad vai usar o solo - taxa de ocupação, número de pavimentos etc - depende da aprovação do município. E nisto entra a capacidade de negociação do IPPUC, sempre voltado para ampliar áreas que tenham aproveitamento pela população. xxx Sabe-se já que a intenção da Irmauad é construir na Praça Oswaldo Cruz um complexo que incluirá um centro de convenções, hotel 5 estrelas e um shopping center. Mas uma área será reservada ao município - talvez a própria parte externa do hoje quartel, dependendo do projeto arquitetônico que venha a ser aprovado. E neste espaço - cujo volume ainda está sendo discutido - poderá abrigar uma grande biblioteca para aquela zona da cidade, um auditório e - o que se ajustaria inclusive à tradição do prédio - o Museu David Carneiro, caso o precioso acervo venha a ser liberado pelo Banco do Brasil, que há anos vem tentando tomar o mesmo devido a dívidas contraídas pela família do historiador com a instituição e que soma hoje a um milhão e cento e oitenta mil dólares. xxx Objeto de delicadas negociações, as quais o governo do Estado vem intervindo junto a própria Presidência da República, a forma de evitar que o Banco do Brasil pura e simplesmente se aposse de uma parte da história do Paraná é preocupação geral. O governador Álvaro Dias há algumas semanas propôs ao presidente José Sarney para que sendo aceito o acervo como forma de pagamento, venha a ser feito um convênio com o Estado para que o museu aqui permaneça. Como no processo consta também sua atual sede - propriedade do professor David Carneiro, na Rua Comendador Araújo, esquina com a Brigadeiro Franco - futuramente haverá necessidade de um novo local para o museu. Assim, a primeira idéia está em reservar um dos espaços do antigo quartel do CPOR, na Praça Oswaldo Cruz, para o museu que conta mais de 60 mil peças históricas avaliadas em quase US$ 4 milhões. Sobre a importância deste acervo - e a admiração que o historiador David Carneiro merece pelos esforços de toda uma vida para sua guarda e preservação - não há dúvidas. O trágico seria agora, octogenário e gravemente doente, o autor de "O Drama da Fazenda Fortaleza" ver o seu museu desaparecido como pagamento de uma cruel dívida contraída no início dos anos 80 por um de seus filhos, o professor David Carneiro Jr., ao montar uma empresa de equipamentos eletrônicos e que foi vítima da perversidade do sistema econômico brasileiro - arrastando com isto o patrimônio da família.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
09/03/1990

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