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Cada festival na busca de suas características

Se internacionalmente a agenda dos festivais de cinema é intensa - com até cinco mostras acontecendo a cada mês, sejam de categoria "A" (nas quais só concorrem filmes inéditos), ou promoções menores, alguns de temas específicos, no Brasil também a multiplicação de eventos cinematográficos começou a preocupar os organizadores de forma a que não aconteçam promoções paralelas. Durante o II Festival do Cinema Brasileiro de Fortaleza, em agosto, o idealizador e diretor daquele evento, cineasta Pedro Jorge de Castro (diretor do "Tigipió", exibido há um mês no cine Luz) promoveu o primeiro encontro de organizadores de festivais, resultando um Fórum que voltou a reunir-se em Brasília (outubro) e que agora, no dia 27, encontrou-se novamente no FestRio. xxx Houve uma época em que dezenas de prefeituras rivalizavam-se em promoções de festivais de cinema, que não passaram de uma ou duas edições. Em Curitiba, inclusive, o entusiasmo do então prefeito Ney Braga levou a promoção de um Festival, realizado em 1956, que chegou a ter bons filmes - mas que ficou numa única edição, ocorrida no saudoso cine Ópera. Maringá, ainda jovem no início dos anos 60, abrigou duas edições de festivais de cinema. E exemplos semelhantes espalham-se pelo Brasil afora. Foi a época em que festival de cinema virou sinônimo de starlets despindo-se nas beiras das piscinas, brigas e pouco discussão sobre problemas mais profundos do cinema. Hoje, passada a época dos festivais badalativos (embora badalação nunca falte a este tipo de evento), os festivais procuram sua identidade cultural. xxx Gramado, na paradisíaca região serrana do Rio Grande do Sul, é hoje consagrado como o maior festival do cinema brasileiro, com uma estrutura que suplanta ocasionais problemas políticos. Enoir Zorzanello, vice-prefeito (e candidato a prefeito nas próximas eleições), sócio do Hotel Serrano - hoje com um grande centro de convenções, há 5 anos vem organizando o evento que cresce cada vez mais e, com uma data ótima - abril/maio - praticamente abre o calendário dos festivais. Sua XVI edição será entre 23 de abril a 1º de maio de 1988. No calendário inicialmente previsto para os festivais de cinema de 1988, o segundo evento será a Mostra Brasileira de Filme e Vídeo em Ciência e Tecnologia no Rio de Janeiro (15 a 21 de maio), que tem uma característica específica e possibilita que os filmes em competição sejam reproduzidos em vídeo e levados a outros Estados (um bom exemplo disto foi dado em Curitiba, durante a Mostra do Cinema Latino Americano). A terceira edição do Festival de Fortaleza está programado entre 3 a 9 de junho, antecedendo em sete dias ao FestRio - que em sua quinta edição se estenderá de 16 a 25 de junho. O Rio Cine Festival, que vai também para sua quarta edição, será de 12 a 21 de agosto, com várias modificações. Uma delas é que os filmes serão apresentados apenas de forma informativa (o que Fortaleza adotou lá neste ano, com sucesso). A premiação será dada ao melhor filme lançado na temporada 86/87, através de indicação de um júri nacional de críticos. A Jornada de Cinema da Bahia, em sua 17ª edição, mantém a mesma data que foi criada: 8 a 14 de setembro. Inicialmente ligada apenas a curta-metragens, esta promoção vem crescendo internacionalmente e, em sua categoria, é hoje um evento com participação intensa do cinema latino-americano - também presente numa das mostras paralelas do Festival de Brasília (o mais antigo do Brasil, que entre 5 a 11 de outubro de 1988, terá sua 21ª edição) e que marcará a Mostra do Cinema Latino-Americano do Paraná, cuja efetivação ainda não foi confirmada. Realizado pela primeira vez este ano, o Festival de Cinema de Natal, coordenado pelo crítico Valerio de Andrade, acavalou com o Festival de Brasília o que deverá ser evitado em 1988. Já a Jornada do Cinema e Vídeo do Maranhão, pequena mas corajosa - e que vai para a 11ª edição - acontecerá entre 7 a 12 de novembro. Para Fortaleza, também no final do ano, deverá acontecer um outro festival internacional: o de cinema infanto-juvenil.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/12/1987

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