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Aramis

A Camerata Carioca une Vivaldi a Pixinguinha

A estréia nacional de << Vivaldi & Pixinguinha >>, terça-feira, no Teatro Guaíra, mais do que apenas uma nova apresentação da Camerata carioca e o pianista-maestro-arranjador Radamés Gnatalli (que alí, a 11 de agosto do ano passado, fazia a também primeira audição de << Tributo a Jacob do Bandolim), representa uma válida tentativa de aproximação do erudito ao popular. Aos 74 anos - completados dia 27 de janeiro último, Gnatalli, um doa maiores talentos da música brasileira, estava semi aposentado até o ano passado. Mas a idéia de Hermínio Bello de Carvalho de fazer uma transposição para um pequeno conjunto da suíte << Retratos >>, que há 16 anos dedicou a seu amigo Jacob do bandolim (gravado em histórico LP da CBS, há muito merecendo reedição), para um << Tributo >> àquele grande músico, falecido em 13 de agosto de 1969, o fez entusiasmar-se. E assim, após o recital ter sido levado a várias capitais, Radamés começou a trabalhar na transposição para cordas - violões, cavaquinho e bandolim - de peças de Antônio Vivaldi (1678-1741) e Bach (1685-1750), E a primeira mostra pública disto será a que se verá/ouvirá terça-feira, no Guaíra: o Concerto Opus 3, n.º 11, pertencente ao << L 'Estro Harmônico >>, editado em princípio do século XVIII, em Amsterdam (e que durante muito tempo teve sua autoria atribuída a Fiedman Bach) será ouvida nas cordas dos violonistas João Pedro Borges, Maurício Lana Carrilho, Luiz Otávio Braga, no cavaquinho de Henrique Leal e bandolim de Joel do Nascimento - e com o próprio Radamés nos teclados. ABERTURA MUSICAL - Hermínio Bello de Carvalho, 45 anos, idealizador e diretor do espetáculo, lembra que existe quase um conceito tradicional junto à juventude, << de que ir a um concerto exige um traje e uma postura toda especiais >>. Isso, entretanto, não acontece nos recitais da Camerata Carioca. - A explicação, diz Hermínio, está no próprio programa que ela apresenta: geralmente descontraído, com uma gama de músicos de diversos gêneros. O concerto que Curitiba assistirá em primeira audição mundial tem, obviamente, na obra de Vivaldi e Pixinguinha os seus << pontos de resistência >>, mas precedida de alguns expoentes que deram traços marcantes à nossa música popular - tais como Henrique Alves de Mesquita, Anacleto de Medeiros e Ernesto Nazareth. Anacleto de Medeiro (1886-1907), foi o organizador e primeiro mestre da Banda do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, fundada em 15 de novembro de 1896. O dobrado << Jubileu >>, que consta do recital da Camerata de terça-feira, é uma obra-prima, explorada num arranjo maravilhoso por Radamés. O mínimo que se pode dizer de Anacleto é que foi um gênio e que Villa-Lobos o homenageou nas Bachinas n.º 10, onde faz uma citação de << Rasga Coração >>. Já Henrique Alves de Mesquita (1830-1906) foi compositor, regente, organizador e trompetista e, segundo o pesquisador Ary Vasconcelos, << criador do tango brasileiro, gênero que Ernesto Nazareth levaria à culminância >>. Compôs praticamente tudo: modinhas, valsas, romances, músicas litúrgica, óperas e << mágicas >> (<< Ali Babá >>, << Loteria do Diabo >>). Estudou em Paris e em 1890 foi nomeado professor do Conservatório de Música do Rio de Janeiro. O << Batuque >> é, indiscutivelmente, sua obra mais conhecida. Ernesto Nazareth (1863/1934) foi, segundo Mário de Andrade, o << fixador do Maxixe >> e, no dizer de Batista Siqueira o << sistematizador genial >> do chamado tango brasileiro. Radamés ouviu-o tocar pessoalmente, daí sua homenagem interpretando o << Fon-Fon >>. Sobre São Pixinguinha, Alfredo da Rocha Vianna Jr. (1897-1973), basta repetir Sérgio Cabral, autor da premiada monografia sobre sua vida e obra: << é um dos pais da nossa nacionalidade, cuja obra não se esgota nela mesma >>. Compositor, instrumentista, maestro, orquestrado, << Pixinguinha - diz Hermínio - meu doce parceiro, percorreu generosamente todos os rios que compõem o grande mar da música, e em todos eles deixando imprensa a sua genialidade >>. UMA CAMERATA POPULAR - João Pedro Borges, 33 anos, maranhense de São Luiz, professor de violão da Academia de Turíbio Santos - com quem já gravou 2 LPs (<< Choros do Brasil >>, Tapecar e << Valsas e Choros >>, produção independente), além de um LP individual com obras de Bach, é o diretor da Camerata Carioca. Da qual ele faz a conceituação: - A Camerata Carioca é basicamente formada por pessoas cuja diferente experiência musical não deixa de conservar alguns traços comuns de vivência e formação. Cada um por caminhos próprios chegou à ansiedade de manifestar uma linguagem musical, que embora utilizando de uma forma mais ampla os recursos conquistados e desenvolvidos pela técnica evolução de seu instrumento, ainda se apóia no papel por ele tradicionalmente representando em formações do gênero. Assim é que desde a inquietação de Joel do Nascimento em motivar, há alguns anos atrás, o maestro Radamés a transcrever obras significativas para o assim chamado << conjunto regional >> até o momento atual em que desfilam no repertório desde os choros arranjados de Jacob do Bandolim ao << Concerto Seresteiro >>. Descortinou-se todo um vasto panorama de possibilidades que em muito ultrapassou as primeiras tentativas do grupo em traçar seus rumos dentro desse atraente caminho musical. Joel Nascimento, 43 anos, considerado como o legítimo sucessor de Jacob do Bandolim, eleito pela revista << Playboy >> (1978/79) como o maior instrumentista de cordas do País, acha que o Brasil << é um dos poucos países que têm em sua música popular um gênero instrumental específico altamente elaborado, que é o choro, que fez escolas no violão, flauta, clarinete e bandolim >>. Choros de Jacob, como << Gostosinho >> , << Vibrações >> e << Vôo da Mosca >> - que também constam do programa de terça-feira - terão não bandolim de Joel um instrumento básico de solo. O instrumentista acha que o bandolim sofreu na sua estrutura anatômica modificações que contribuíram para uma melhoria sonora, sem transformações profundas no seu som original. << Da maneira de tocar de alguns virtuoses como Jacob do Bandolim e Luperce Miranda, de suas composições, das obras e transcrições de um gênio como Radamés, já se pode dizer que existe uma literatura brasileira para o bandolim >>. Maurício Carrilho, 23 anos, violão, uma das maiores revelações instrumentais dos últimos 3 anos, explica o trabalho da Camerata: - Na parte musical, embora os arranjos sejam feitos pelo Radamés e a direção seja do João Pedro, existe, nos ensaios, oportunidade para todos opinarem sobre o trabalho e seu encaminhamento. As decisões finais são sempre as da maioria, mesmo que em alguns casos elas sejam contrárias à opinião de João. Outro violonista, o paraense Luiz Otávio Braga, 27 anos, explica a importância do violão de 7 cordas na Camerata:
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
1
07/06/1980
O nosso saudoso Aramis Millarch foi mal informado" por Hermínio Belo de Carvalho acerca da ihistória, origens e formação envolvendo JOEL NASCIMENTO/ SUITE RETRATOS / RADAMÉS GNATTALI e CAMERATA CARIOCA A idéia e o pedido feito a Radamés para a transcrição da Suite Retratos ,que originalmente foi escrita pare orquestra de cordas, para o chamado conjunto de choro foi do bandolinista Joel Nascimento. Joel ganhou a admiração de Radamés Gnattali por ter sido o único músico a se interessar em tocar , após a gravação de Jacob do Bandolim em 1976, a obra do mestre. Após ter tocado a peça para Radamés , que o acompanhou ao pianoe ,no meio a grande emoção , surgiu naquele momento uma grande amizade entre os dois músicos. Posterirmente , Joel Nascimento através da idèia e o pedido feito a Radames para a trancriçãoo da suite para o conjunto de choro. reuniu um grupo de chorões, que já se relacionava com ele,para o estudo da peça. Mauríco Carrilho, Luiz Otávio Braga, Rafael Rabello, Luciana Rabello e Celso Silva foram os músicos que liderado por Joel Nascimento que passaram a tocar a nova versão . O grupo se apresentou tocando a peça pela primeira vez na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro com a formaão de origem. Radamés dedicou esta nova versão à Joel nascimento` conforme está escrito de próprio punho na ccapa da partitura original.Estes fatos tem o testemunho de Roberto Gnattali. a viúva de Radamés sra Nely Martins que entre outras informações tem um depoimento gravado falando sobre Joel e Radamés, todo o grupo de choro, entre outros. Resumindo : Amizade e pedido para transcrição da Suite- Joel Nascimento Solisdta e lider do quinteto. Joel Nascimento Formação do Grupo- Joel Nascimento Lp atribuido a Camerata Carioca , "Ttributo a Jacob do Bandolim,"gravado em 1979, pela Emi Odeon e lançado em 1980 pela WEA é um disco de Joel nascimento que na época era contratado pela EMI ODEON. Basta ver o selo do LP que diz JOEL DO NASCIMENTO. Hermío Bello de Carvaho , se valendo deste vínculo de Joel e do grupo formado por ele intermediou junto a Odeon para gravar a homenagem dos dez anos de morte de Jacob do Bandolim. O lp só seria lançado quase um ano depois devido a Odeon ter denunciado o contrato de Joel antes de lançar o disco. Este fato resultou num processo jurídico de causa ganha que Joel poderia usar como danos diversos NEsta ÈPOCA NÂO EXISTIA O NOME "CAMERATA CARIOCA" A negociações da venda do disco para WEA foi dada, como não poderia deixar de ser. por Joel Nascimento que autorizou ao então produtor da WEA Sergio Cabral a intermediar a conversa com a ODEON. Sergio ao encontrar com JOel na rua perguntou qual era o impasse JOEL/ODEON. Após as devidas explicações ele disse que comprava o Master. NÃO CONSTA NOS ARQUIVOS DA WEA. NENHUMA GRAVAÇÂO COM O NOME DE "CAMERATA CARIOCA/RADAMÉS" Algus meses após a gravação do lp"Tributo a Jacob do Bandolim o grupo foi batizado por Hermínio Bello de Carvalho de "Camerata Carioca". Em 1980 foi lançado finalmente o Lp Tributo a Jacob do Bandolim.A capa do LP dizia, para minha surpresa, Radamés Gnattali, Joel Nascimento e Camerata Carioca. Hermínio fez a capa as escondidas sem mostrar o encarte. a Joel. No texto escrito ele escreve uma inverdade sobre Joel dizendo que o bandolinista tinha pedido a Radamés para a transcrever a Suite por não coseguir meios para tocar com orquestra. Joel o questionou sobre o fato perguntando porque ele não havia perguntado sobre o motivo do pedido. Esta idéia ocorreu , diz Joel ,quando dos ensáios da Suite com a saudosa pianista Aida Gnattali Joel , diga-se-se de passagem,.anos antes havia pedido a Radamés para escrever dois arranjoss para o grupo " Fina Flor do Samba "do qual ele tocava . Joel tem um email dos músicos Alceu Maia e Tony Botelho confirmando este pedido O resultado foi o mesmo sentido camerístico dado a Camerata Carioca . Radamés induzido pela inverdade de Hermínio disse num program de TV a mesma versão e Joel o questionou delicadamente . Existe um vídeo sobre esta passagem .Em agosto de 1979 foi apresentado o espetáculo Tributo a Jacob do Bandolim , em Curitiba onde cartaz dizia "JOEL NASCIMENTO/ QUINTETO e RADAMÉS. Hemínio diz que neste concerto foi apresentado pela primeira vez a nova versão da Suite Retratos. Antes este mesmo grupo, com Joel Nascimento, apresentou em primeira audição mundial a obra na Escola Nacional de Música do Rio de Janeiro.a Esta trajetória vivida por Joel Nascimento é tido por ele como o marco principal na sua carreira onde o mesmo se orgulha muito. As reportagens do saudoso Aramís Millarch não relata em momento algum a maioria destes fatos As fontes de iinformações por ele obtdas omitem e distorcem injustamente quase toda a história JOEL NASCIMENTO / RADAMÉS GANATTALI/ SUITE RETRATOS e CAMERATA CARIOCA. Aramis, tenho certeza , como grande pesquisador que foi teria o maior interêsse em divulgar os fatos reais. Devo dizer que o Cojunto Camerata Carioca Gravou dois LPS ( DE VIVALDI A PIXINGUINHA e TOCAR ) Ambos tendo como solista Joel Nascimento e que o grupo permaneceu em atividade dunte alguns anos Hoje está sendo escrita a biografia de Joel Nascimento e estes fatos com todos os documentos e testemunhas serão apresentados e relatados a bem da verdade.. Rio de Janeiro, 06 de julho de 2009. Joel Nascimento.
Lamento muitíssimo que meu querido Joel Nascimento não tenha lido o encarte do Lp 'Vivaldi e Pixinguinha", onde seus créditos estão devida e corretamente registrados. Transcrevi aquele texto, na íntegra, no livro "Mudando de conversa" publicado pela Editora Martins Fontes em 1986. E em outros artigos terei contado a versão correta, a de que a transcrição da Suite Retratos para conjunto regional (Jacob odiava essa denominação ) foi feita por Radamés Gnattali a pedido de Joel. Também, e muitas vezes, não ocultei que a sugestão feita ao Jayme Lerner para que se fundasse um Conservatório de Música Popular em Curitiba, que teria o nome de Pixinguinha, partiu do mesmo Joel Nascimento. Sugestão formulada no Velho Guilhobel, e a "ata" foi lavrada numa toalha de pano. O Conservatório existe, mas a homenagem a Pixinguinha foi burocraticamente arquivada. Essas confusões , infelizmente, acabam gerando versões equivocadas. Sempre que falam do Projeto Pixinguinha, faço questão de explicar que ele nada mais é do que uma versão nacional do "Seis-e-meia", idéia nascida do coração carioca de Albino PInheiro. Apenas formatei artisticamente aquele programa cultural. Quanto à capa a que se refere meu querido Joel, lembro que um diretor da Odeon ameaçou substituir seu bandolim por qualquer outro instrumento (e isso era tecnicamente possivel fazer), porque seu contrato com a Gravadora já expirara - e aí, realmente, minha claudicante memória só deixou consignada a lembrança de que, caso a ameaça se concretizasse, eu a faria se configurar como um crime de lesa cultura, passivel de denúncia à Justiça. Joel Nascimento é um artista de altíssimo quilate e que, a meu convite, atuou no concerto que resultou na fundação do Instituto do Jacob do Bandolim. Daquele recital foram gerados dois resíduos culturais : um Cd duplo e um DVD como mesmo nome - "Ao Jacob, seus bandolins", editados pela Biscoito Fino. Poderia fazer outros acréscimos à queixa formulada por meu amigo, caso meu acervo não estivesse em São Paulo - onde se concentram os trabalhos de digitalização do www.acervohbc.com.br . Lembro mais : quando da inauguração do Conservatório aí em Curitiba, meu saudoso Aramis ameaçou romper relações comigo caso a ela comparecesse. É que não se conformava em terem extirpado o nome de Pixinguinha ao projeto que, enfim, tantas vezes apoiara em seus artigos nos jornais. Claro que não fui! - que não era bêsta de perder a amizade de Aramis.... Enfim, volto a lamentar que meu querido Joel Nascimento não tenha se dirigido a mim para dirimir essas e outras dúvidas. Fica à disposição dele, Joel, o sempre amigo e admirador Herminio Bello de Carvalho.
Meu querido Hermínio ! Só estou te respondendo devido estes fatos ter sido levado a público. A ameaça torpe e infantil do diretor da Odeon( RIBAMAR ) juntamente com a extinção do meu contrato não invalidava a ação penal que a gravadora estava sujeita.quando denunciou o meu contrato após eu ter gravado , dentro da vigência do mesmo,,o Lp Tributo a Jacob. Eu estava assessorado por dois advogados ( Você nunca soube ) ,que estavam torcendo para que o Sr. Ribamar alterasse o meu solo no fonograma.. O crime seria muito maior..O impasse demorou alguns meses e eles não fizeram nada. até eu resolver a transação com a WEA. Tenho vários telegramas e cartas da direção da Odeon solicitando que eu liberasse o LP oferecendo- me várias vantagens, Alguns destes contatos foram feitos após a extinção do meu contrato A capa do Lp foi toda montada após o fonograma ter sido negociado com a WEA..Não .a sua colocação. É comum me perguntarem o porque do selo do disco do Tributo a Jacob estar com o meu nome e a capa mostrar outra composição totalmente diferente. A minha função aqui é elucidar e ,trazer os fatos verdadeiros que por vezes são omitidos e distorcidos. Você tem razão sobre o crédito dado mim no encarte do L.P VIVALDI A PXINGUINHA. Eu já tinha lido. É duro e muito triste ouvir um programa de rádio tocar todo o LP. Tributo a Jacob e não citar uma única vez o meu nome. (Vamos ouvir Radamés e Camerata Carioca ) Como diz Roberto Gnattali: Radamés foi o grande inspirador, aranjador e pianista convidado da Camerata Carioca. Ele só tocava se eu estivesse presente. Devo dizer que você foi um grande batalhador para a sobrevivência da Camerata carioca. A maioria dos trabalhos feito pelo grupo partiram de você e isto foi amplamente divulgado. O outro lado da história merece ser contada em respeito a mim, Radamés os músicos do grupo e a história. Espero que entendas a minha posição. Um grande abraço. Joel Nascimento

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