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Aramis

Consuelo, a criação em múltiplas formas

Consuelo Cornelsen e Christina Bastos estão na cidade, mais uma vez cuidando de um evento ligado a Gal Costa. Há algumas semanas, elas agitaram o lançamento do delicioso livro de dona Mariah Costa Penna ("Vidas da Vida") a jovial mãe de Gal, que teve noite de autógrafos com toda a badalação merecida. Agora Gal Costa veio para o lançamento de sua griffe de perfumaria, acontecida ontem à noite no sofisticado ambiente do último andar do shopping Garcez, com a presença de muita gente-notícia. Sobre o perfume falamos bastante, antes mesmo da imprensa nacional começar a registrar o fato. Gal Costa nem precisa apresentações: há um mês, exatamente no dia 15 de março, cantou no Carnegie Hall, em Nova York, acompanhada por Antônio Carlos Jobim, num espetáculo sold out, tão disputado nas entradas que muita gente conhecida ficou de fora - também aqui registrado em detalhes. xxx Eletricamente criativa, Consuelo Cornelsen não pára. Arquiteta, designer, decoradora de interiores, empresária, editora, a moça tem mil e uma atividades. Por exemplo, está concluindo a decoração do novo triplex de Caetano Veloso enquanto, num barracão na fazenda de seu pai, o histórico Lolô Cornelsen, em São José dos Pinhais, desenvolve o designer de um automóvel, em conjunto com um especialista italiano. xxx Em São Paulo, um projeto bolado por Consuelo - e desenvolvido em sociedade com amigos também criativos, está consolidado: o Nucleon 8, cuja sofisticação começa em sua sede - uma casa original do lendário Flávio de Carvalho, projetada em 1933. A chiquérrima "Interview AD", numa ultra luxuosa edição de 220 páginas, dedicou 4 delas, coloridas, para falar do trabalho que a Nucleon 8 faz, a partir de uma idéia de Consuelo: a reprodução em tiragens limitadas de móveis e objetos clássicos, criados por nomes como Le Corbusier, Lina Bardi, Vilanova Artigas (que tem alguns projetos em Curitiba, inclusive a mansão do ex-jornalista e conselheiro do Tribunal de Contas, João Féder), Lasar Segall, Flávio de Carvalho, Charles Pollock, arquitetos, pintores e designers, que criaram alguns notáveis exemplos de objetos prosaicos que graças à Nucleon 8 convivem no cotidiano de quem tem bom gosto (e conta bancária) para adquiri-los. Como frisou o texto da "Interview", as peças da Nucleon 8 têm o charme pela exclusividade (nem tanto), de uma necessidade fantasiosa, quase obsessiva de possuir um projeto que "ninguém tem" e que vem perpetuando ao longo dos anos crescente interesse das sociedades urbanas em adquirir obras "domésticas" criadas por artistas consagrados das mais diferentes tendências. xxx Durante algum tempo os objetos da Nucleon 8 chegaram a ter exposição numa loja de decorações de Curitiba, mas os ponteiros entre a criatividade de Consuelo e o comercialismo dos donos daquele estabelecimento não bateram, pois a venda de uma escultura/luminária em poliester e acrílico-cristal polido criada pelo suíço John Graz (que em 1922 participou da Semana de Arte Moderna), uma mesa lateral desenvolvida pelo lituano Lasar Segall ou a poltrona de alumínio criada por Lina Bo Bardi, são peças que exigem uma clientela muito especial - e também um preparo especial para vendê-las.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
13/04/1989

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