Cortesia demagógica com filmes alheios
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 13 de setembro de 1991
Apesar das 144 linhas ocupadas em nossa coluna de ontem pelo "Direito de Resposta" do sr. Francisco Carlos Nogueira, Coordenador de Cinema da Fundação Cultural de Curitiba, nenhuma das colocações feitas na edição de 10 do corrente ("Cortesia demagógica com filmes alheios) foi contestada. Ao contrário, o coordenador (sic) reconhece que a ajuda que a FCC liberou foi realmente "irrisória" frente aos valores atualizados dos filmes e que a Mostra Internacional de Curta-metragens só veio a Curitiba graças a sra. Zita Carvalhosa, do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, que foi quem, de fato, organizou o evento.
Vaidosa e pretensiosamente, o coordenador (sic) pretende atribuir-se exclusivamente os méritos de ter convencido a direção da Fundação para a liberação dos Cr$ 5 milhões para a finalização dos curtas "Os Desertos Dias", "A Loira Fantasma" e "A Flor", que haviam sido realizados GRAÇAS AO CONCURSO DE ROTEIROS E AJUDA FINANCEIRA (esta sim significativa) NA ADMINISTRAÇÃO RENÉ DOTTI, na Secretaria da Cultura do governo Álvaro Dias. O fato de que os filmes de Fernando Severo, Fernanda Morini e irmãs Wagner tivessem sua finalização retardada - devido a extinção da Embrafilme - foi denunciado inúmeras vezes em nossas colunas - onde há 32 anos damos apoio EFETIVO aos realizadores culturais do Paraná. Na manhã de 5 de maio de 1991, na residência do prefeito Jaime Lerner, trocamos idéias, inclusive sobre as dificuldades dos cineastas curitibanos fazerem seus filmes, quando o prefeito demonstrou disposição em encontrar uma solução. Ridícula e vaidosamente agora o sr. Francisco Carlos diz que "eu, sabendo das dificuldades..." (etc., etc.) pretendendo os méritos de uma ajuda (feita com dinheiro público, advindo de impostos pagos pela população) em favor de realizadores que, INDEPENDENTEMENTE de sua intervenção, teriam suas solicitações atendidas graças a boa vontade do prefeito Jaime Lerner.
Realmente, é importante que os curtas concluídos estejam agora sendo levados a festivais e mostras nacionais, mas isto não significa que suas produções se devam ao "coordenador" da Fucucu.
Assim como em sua vaidade o sr. Francisco Carlos omitiu qualquer referência ao próprio prefeito Jaime Lerner - este sim, o responsável pela ajuda aos curta-metragistas - também procurou eclipsar a participação da Secretaria da Cultura do Paraná, em especial do ex-secretário René Dotti.
De nossa parte, aqui continuaremos atentos e vigilantes, denunciando irregularidades e incompetências que acontecem não só na coordenação de cinema, mas em outros setores culturais do município - num trabalho independente e que, felizmente, hoje também tem a fiscalização atenta da Câmara Municipal - que, aliás, prepara-se para exigir explicações oficiais em relação a vários aspectos obscuros da atual administração.
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