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Aramis

A Morte da Memória Filmada

Uma das muitas conclusões a que os pesquisadores do cinema nacional reunidos em Recife chegaram foi de que se há muito - muito mesmo - para se estudado, os problemas são quase idênticos em todo o País. Uma iniciativa que deveria merecer o apôio oficial do MEC, através do Instituto Nacional de Cinema, vem sendo desenvolvido de forma desorganizada [e] bissexta, a custa do idealismo e mesmo de investimento particular de alguns poucos homens (e alguns jovens de São Paulo e Minas Gerais) que vem tentando localizar antigos filmes, e levantar dados a respeito de experiências cinematográficas realizadas em diversos pontos do País - a partir da primeira década deste século. O mais impressionante é a constatação do número de filmes de ficção e documentários, [irremediavelmente] perdidos pela desatenção das pessoas a que os negativos e cópias foram copiados e, é claro, por nunca antes ninguém ter se preocupado em sua preservação. Dos múltiplos ciclos que marcaram o cinema brasileiro - Campinas, Pelotas, Recife, Cataguazes, Manaus, Belém, Paraíba e outros centros - praticamente nada restou. Aliás, o fenômeno não é apenas da província: no Rio de Janeiro e, principalmente São Paulo, também pouquíssimo foi preservado, mesmo por parte dos [estúdios] organizados. Outro problema foi os dois incêndios ocorridos na fundação cinemateca de São Paulo, nos quais se perderam centenas de latas de precioso[material] - inclusive todo o material do pioneiro Anibal Requião e grande parte da obra de João Baptista Groff. Isto aliás, levou Paulo Emilio Salles Gomes, um dos fundadores da cinemateca - e até hoje um dos (poucos) homens que se [preocupam] com a sua sobrevivência, a comentar: " parece que apesar de toda a boa vontade e entusiasmo, a cinemateca, por falta de uma infra-estrutura, foi a responsável pela reunião de precioso acervo da memória filmada do Brasil - que iria se perder ao longo de muito tempo, para ser destruído, em fração e minutos". Muitos projetos saem deste IV Encontro de Pesquisadores do cinema brasileiro, o principal, talvez, o de que mais do que nunca é importante salvar o pouco que resta de nossa memória animada - seja de que maneira for, seja em que mãos estiver.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
4
21/07/1974

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