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Aramis

O tango maldito de Piazzolla (II)

Como todos os grandes talentos Astor Piazzolla (hoje, 21 horas, última apresentação no auditório Bento Munhoz da Rocha Neto), é uma pessoa simples e espontânea. Ao longo de um jantar oferecido pelo empresário Osmar Sokoloski, na Mouraria, segunda-feira à noite, o grande renovador do tango, falou sinceramente a um grupo de jornalistas, com humildade, ele que, com razão é considerado um dos nomes mais importantes da música continental. Ironicamente, Milton Eric Nepomuceno, grande amigo de Piazzolla, iniciava há 3 anos (3/5/72, "Jornal da Tarde") uma longa entrevista com Astor, em que afirmava: "Já não há mães na Argentina: estão todas mortas nas letras dos tangos. Como também desapareceram as mulheres fiéis: foram se esconder nas letras de tango". Assim, no raciocínio de Piazzolla, "se você reparar bem, verá que certas mulheres fugiram diversas vezes com homens diferentes em tangos diferentes: mesmo que não seja dito seu nome na letra, as características são absolutamente iguais". Para Piazzolla, Buenos Aires não é mais a cidade desesperada e trágica, de 20 anos atrás. "Minha cidade é apenas melancólica. E seu povo é melancólico". Para ouvir e entender o tango - em especial de Piazzolla - é necessário entende-lo como a música portenha, a música de uma cidade. A extraordinária formação musical de Piazzolla, lhe permitiu criar um novo estilo de interpretação de um gênero tremendamente denso e dramático - modernizando-o, mas sem deixar suas origens. Piazzolla já gravou mais de 50 discos - na Argentina, na Itália, nos Estados Unidos e no Brasil. Piazzolla viaja muito mas vive em Buenos Aires. - "Uma cidade que hoje é como Nova Iorque, Paris ou São Paulo. Só que muito mais melancólica. Mesmo com seu "swing" Buenos Aires não conseguiu perder sua melancolia. Mas não confunda isso com tragédia. É diferente. Muito diferente".
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Tablóide
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08/10/1975

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