Se Caio Graco Prado,da Brasiliense, criou a coleção Encanto Radical, para biografar de uma forma jovem, ágil e descontraída personalidades do passaso e do presente, de vários setores, o editor Ayrton Ortiz, da Tchê !, de Porto Alegre, pensou numa coleção parecida - só que voltada apenas aos que tiveram a felicidade de ter nascido no Rio Grande do Sul.Assim, desde outubro do ano passado, em convênio com a poderosa RBS - Rede Brasil Sul de Televisão ( por sua vez associada ao grupo Zero Hora ) a coleção " Esses Gaúchos" vem apresentando deliciosos livros em formato de bolso, média de 70 / 100 páginas, com perfis informativos de todos aqueles gaúchos que se projetaram em qualquer setor. Dos 40 titulos programados para esta série que se inclui entre as comemorações do Sesquicentnário da Revolução Farroupilha, já sairam doze. Mensalmente, novos livros trarão biografias, sempre redigidas por também autores do Rio Grande do Sul, num mosaico tão amplo que comporta desde figuras históricas como Flores da Cunha até compositores pouco conhecidos fora dos limites sulinos, como Carlinhos Hartblirb, que faleceu há dois anos sem deixar nenhum elepê gravado. A coleção foi iniciada com os volumes dedicados a Getulio Vargas, Lupicinio Rodrigues e Barão de Itararé ( Fernando Apparício Brinkerhoff Torelly, 1895-1971), o famoso humorista dos anos 30 / 40, fundador de " A Manhã ( 1925 ). Dado o ponta pé inicial, Ayrton Ortiz sentiu o sucesso da coleção: volumes facilmente consumíveis, com textos leves e agradáveis e chegando ás livrarias a preços econômicos, preenchiam a vontade dos gaúchos em conhecerem melhor seus conterrâneos. Assim é que o livro sobre Getúlio Vargas ( 1883 -1954 ) já vai para a 8º edição- e só agora a distribuiçãoda Tchê chega ao Paraná, a cargo do competente Roberto Gomes, A biografia do Barão de Itararé está na 5º edição - e frieze-se que está é o primeiro livro a abordar historicamente este personagem de tanta criatividade e humor politico durante o Estado Novo, o que lhe custou, inclusive, muitas prisões. Lupicínio Rodrigues ( 1914 - 1974 ), então, não precisa explicações maiores para justificar porque sua biografia já está na 7º edição. Com seus sambas canção, autor de " Ela Disse-me " se transformou no compositor mais popular do sul. Tesourinha ( Osmar Fortes Barcelos, Porto Alegre, 3/10/1921 - 16/6/1979 ), o primeiro jogador negro do Grêmio, o melhor ponta direita gaúcho de todos os tempos, o chamado Craque Melhoral..., foi biografafo por Sérgio Endler, para o volume 4º edição. Já o volume 5 localizou uma das figuras mais famosas da politica gaúcha : Ildo Meneghetti ( 1895 - 1980 ), engenheiro, prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande do Sul. Evidentemente, que os dois politicos mais famosos do Estado não poderiam faltar na coleção : João Goulart ( 1918 - 1976 ) tem sua vida contada pelos jornalista Valério Campos e Flora Maestri - e o volume lançado há poucas semanas está a caminho da quarta edição; já o volume mais recente da coleção é sobre Leonel Brizola, que aso 63 anos, é o governador do Rio de Janeiro e lider nacional d PDT. Para escrever sobre este polêmico e explosivo lider que pode chegar ainda á Presidência, Ortiz convidou dois jornalistas - Floriano Soares, 50 anos, atual editor de jornalismo da rádio Guaiba e Alda Suzete Roza Zouza,37 anos, também da Guaiba. Há personalidades nacionais que a gente nem se lembra de que são gaúchos. Por exemplo, João Cândido ( Felisberto,1880-1969), que hoje é mais lembrado como o personagem de " O Mestre-sala dos mares " ( João Bosco / Adir Blanc ) do que pela " Revolta da Chibata " que comandou em 1910, nasceu em Encruzilhada do sul,distrito de Rio Prado, RS. Paulo Ricardo de Moraes,25 anos, é o autor aparelhos que lhe serviram de acusação de pacto com o diabo ". Roberto Landell de Moura ( 1877-1928 ), poeta e inventor, gaúcho de Porto Alegre, tem sua vida contada por um paulista, Hamilton de Almeida, hoje repórter de economia da " Zero Hora " e que há muito tempo se interessa pela vida do padre Landell. De todos os autores da coleção " Esses Gaúchos ", sem dúvida o nome de maior peso intelectual é o de Érico Veríssimo ( 1905 -1975 ). E para realizar um volume de 90 páginas sobre o autor de " O tempo e o Vento ", Ortiz convida um dos mais conhecidos críticos gaúchos, também vereador petista Antônio Hohfeldt. Finalmente, o volume dedicado a Elis Regina ( Carvalho Costa 1945 - 1982 ) foi escrito com paixão e garra por Zeca Kiechaloski, advogado e jornalista. A maioria dos autores convidados pela Tchê para elaborar livros nesta série são jornalistas da nova geração. Profissionais de texto rápido e que fizeram trabalhos imediatos, recorrendo a bibliografia relaivamente pequena. Assim, não tem pretensão de esgotarem os temas - ao contrário apenas levantando informações básicas, numa informação quase jornalistas. Mas um trabalho extremamente válido por dar um reconhecimento aos gaúchos que se projetaram em vários setores. No Paraná, Roberto Gomes, da Criar Edições, pensou em fzer um trabalho semelhante.Mas a questão é se temos nomes que justifiquem livros a respeito ! Os gaúchos não tem do que se quiexar. Afora os 12 volumes já lançados, até o final de 1986 a Tchê já terá colocado toda a série nas livrarias, com biografias de Flores da Cunha, Dionélio Machado, Jacobina Maurer, Raul Bopp, Gilda Marinho, Pedro Raimundo Teixirinha, Simões Lopes Neto, Aureliano de Figueiredo Pinto, Quorpo Santo, Sepé Tiraju, Honório Lemes, Mário Quintana, Fernando Ferrari, Pinheiro Machado, Júlio de Castilho, Gildo de Freitas, Carlinhos Hartlieb, Luis Carlos Prestes, Alceu Wamosy, Padre Reus, Silveira Martins, Oswaldo Aranha, Assis Brasil, Bento Gonçalves da Silva. Anita Garibaldi, Domingos José de Almeida e Alvaro Moreyra.

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:

Veiculo: Estado do Paraná

Caderno ou Suplemento: Nenhum

Coluna ou Seção: Leitura

Data: 28/04/1985