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Aramis

Cinema de arte, um negócio. (ainda que sejamos uma cidade universitária)

Numa última tentativa de manter em Curitiba um cinema destinado exclusivamente a filmes de elevado nível artístico, a Fama Filmes passou desde quinta-feira, dia 24, sua programação de fitas de arte, para o Cine Excelsior, na Rua Saldanha Marinho - casa mais acessível para os espectadores motorizados. O artigo Cinema I, na Sala Scala (Rua Tobias de Macedo, esquina Riachuelo), aberto com programação de arte em março/73, com "O Diabo à Quatro Mãos", com os Irmãos Marx, em mais de dois anos de funcionamento não chegou a consolidar um público interessado. Ao contrário do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Santos, São Paulo e Porto Alegre, onde os cinemas de arte obtém excelentes rendas, em Curitiba, apesar de dita Cidade Universitária, os resultados foram decepcionantes. Hanny Rocha, ex-diretora da Columbia Pictures, principal executiva do grupo Cinema I, mostra-se pessimista: Não entendo o que ocorre com o público universitário de Curitiba. Filmes que em outras cidades são curtidos com entusiasmo, em seu lançamento aqui não tiveram a menor repercussão. Um exemplo: o clássico musical "Cantando na Chuva" (Singing in the rain, 50, de Stanley Donen), no Rio e São Paulo ficou 4 meses em cartaz. Aqui teve 3 magras semanas, com rendas insignificantes. João Aracheski Filho, executivo regional da Fama Filmes, atribui a localização do Scala, como uma das causas do pequeno público atraído mesmo nas fitas mais bem sucedidas. - Principalmente após a implantação dos ônibus expressos, na Riachuelo, o acesso ao Cine Scala tornou-se problemático. Uma das razões que nos impulsionaram a transferir a programação do Cinema Um para o Excelsior, é o fácil acesso e amplo espaços para estacionamento próximo aquela casa. A primeira experiência de cinema de arte em Curitiba foi tentada há nove anos por José Augusto Iwersen, 30 anos, que com o fim do cine clube Pró-Arte, arrendou o auditório do Colégio Santa Maria e ali investiu muitos mil cruzeiros para tentar um cinema de programação classe ª Apesar do cuidado da programação e de seus esforços, a experiência foi encerrado após três anos de elevados prejuízos. Entre 1971/74, no Teatro do Paiol, tentou-se montar um esquema de filmes de arte, limitados pela inexistencia de aparelhagem em 35mm, distancia daquela casa de espetáculos e pouco conforto oferecido. Agora, na modesta sala de exibição Arnaldo Fontana, do Museu Guido Viaro (Rua São Francisco), o esforçado Valencio Xavier , 41 anos, ex-produtor de tv vem tentando manter uma programação regular. Sem recursos, vivendo das magras contribuições dos associados - há mais de 400, embora a frequencia média nas sessões seja de 10 a 50 espectadores, Valencio recorre principalmente as filmotecadas de Embaixadas e entidades diversas (Shell, Maison de France, Goethe Institut) etc., para exibir filmes importantes - grande parte em versões originais. Outros filmes não podem ser mostrados pela falta de equipamento em 35 mm (o único a disposição que existe está instalado n auditório do Colégio Estadual do Paraná, sendo raramente utilizado). Foi o que ocorreu, ainda esta semana, com os filmes do Festival do Novo Cinema Rumeno. É bastante comprometedor para a dita imagem cultural da cidade, o fracasso financeiro das experiências de cinema de arte. Em compensação lembra o astuto Zito Alves, 47 anos, veterano gerente do Cine Lido. Em poucas cidades do Brasil as pornochanchadase e westerns spaghetti rendem tanto quanto em Curitiba....
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Nenhum
Cinema
20
01/08/1975

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