Os best-sellers de Hailey e Konsalik
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 10 de fevereiro de 1985
Se o cometa Halley só aparece a cada 75 anos - e sua próxima passagem pela Terra será em 1986 - o romancista Arthur Hailey é bem mais constante. Escritor de grande regularidade e que elege temas específicos para seus livros - construídos como grandes reportagens - Hailey tem um público seguro em dezenas de países.
Agora, depois de quatro best-sellers consecutivos, traz um novo romance com todos os ingredientes que lhe garantem uma fácil aceitação: "Remédio Amargo" (Editora Record, 486 páginas, tradução de Pinheiro de Lemos).
Nascido na Inglaterra em 5 de abril de 1920, hoje cidadão canadense residente nas Bahamas, Arthur Hailey, após "Hotel" e "Aeroporto" (ambos transpostos com sucesso para o cinema) publicou "Colapso" e, agora, "Remédio Amargo", no qual o tema é a indústria farmacêutica, onde milhões de dólares e milhões de vidas estão em jogo a cada decisão. Como sempre. Hailey elege alguns personagens e em torno deles desenvolve toda a trama - que prende o leitor da primeira à última página.
xxx
Outro autor que sabe o segredo de construir estórias de agrado do grande público é Heinz G. Konsalik. Através de seus inúmeros romances os leitores percorreram as estepes russas, viveram os tempos dos czares, atravessaram a II Guerra Mundial onde russos e alemães se defrontavam nas planícies e montanhas geladas, compartilharam de amores e paixões intensas, acompanharam a dedicação de um médico de aldeia de leprosos e até enveredarem por uma intrincada rede de intrigas num romance policial que se chamou "A Foto Indecorosa".
"Um Casamento a Evitar" (tradução de Reinaldo Guarany, 252 páginas, Cr$ 8.500,00, Record) leva-nos agora à Polônia do final do século passado, onde a miséria do povo e dos camponeses se chocava com o acintoso esplendor da nobreza. Num romance movimentado e com toques de romantismo. Konsalik oferece dados biográficos da origem de sua própria família, retratando com o realismo que a ficção permite, uma terra e uma época que é interessante conhecer.
Outro romance de Konsalik, também editado pela Record é "Batalhão de Mulheres"- no qual procura mostrar um aspecto pouco conhecido da II Guerra Mundial: os batalhões de mulheres soviéticas. Entre fotografias tiradas nos primeiros anos da revolução, depois da I Guerra Mundial, encontram-se retratados de reuniões de veteranos, nos quais, subitamente aparecem mulheres condecoradas como "Heroínas da União Soviética"; conhecem-se relatos escassos de sobreviventes de choques havidos com um batalhão de mulheres e especula-se sobre hipóteses fantasiosas com respeito a uma tropa soviética de elite, da qual só uma coisa é certa: ela existiu realmente. Pouco a pouco, com o decorrer dos anos, foram conhecidos cifras que soavam quase inacreditáveis: 120 mil mulheres armadas lutaram lado a lado com a infantaria na frente de batalha; houve esquadrões de bombardeiros e de caças com tripulações exclusivamente femininas, como o regimento de pilotos de guarda "Taman", que realizou 23.672 missões aéreas contra as tropas alemãs, despejando sobre elas 3 milhões de quilos de bombas.
E sobre este heroísmo feminino russo - do qual pouco se escreveu - Konsalik produziu este novo romance, no qual a ficção se apóia em dados reais, num trabalho fascinante para os leitores que há muito acompanham sua enorme obra. Afinal, Heinz G. Konsalik é hoje o escritor europeu mais lido - e só no Brasil a Record já publicou mais de 30 de seus romances.
LEGENDA FOTO - Arthur Hailey: radiografia romanceada da indústria farmacêutica.
Enviar novo comentário