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Aleixo Zonari

Ah! Este nosso público!

Quem procurou assistir dois dos melhores filmes lançados na última quinta-feira, 27, deu com o nariz na porta dos Cines Bristol e Cinema I. "O Homem da Linha", produção holandesa de John Sterlind (o mesmo realizador de "O Ilusionista", que ficou três semanas no Ritz, no ano passado), atraiu magros 27 espectadores na quinta-feira e apenas 19 na sexta-feira. "Maurice", de James Ivory (o mesmo realizador de "Uma Janela para o Amor", que teve cinco semanas de exibição na cidade, há dois anos), também afundou no Bristol: 18 espectadores na quinta-feira e 20 na sexta-feira.

Terra de Rose e Crônica de Gabriel, as grandes estréias

Dois dos melhores filmes do ano acabaram ficando praticamente inéditos em Curitiba: após seis magras projeções (duas sessões foram canceladas), no sábado passado, 29, saíram de cartaz "Maurice", de James Ivory (Bristol) e "O Homem da Linha", de John Sterling (Cinema I). O motivo foi simples: apenas 39 espectadores do Bristol e 40 no Luz, "com uma renda que não dava sequer para pagar a luz gasta", explica Aleixo Zonari, lamentando ter tomado esta atitude, "mas num fim de semana prolongado com o feriado de 1º de maio, não poderíamos ter prejuízos elevados".

"A encruzilhada", um reencontro do blues

Numa das primeiras sequências de "A Encruzilhada" (Cine Ritz, desde ontem), quando o jovem Eugene Martone (Ralph Macchio) vai conseguir [?] o velho blueman Willie Brown (Joe Seneca) no modesto quarto em que ele se encontra, a imagem pode parecer conhecida de quem se liga aos blues: sentado numa cadeira, ao lado de um primitivo gravador que faz registro musical. A mesma imagem, em forma de desenho, está na capa do único lp do lendário blueman Robert Johnson que a CBS lançou no Brasil há três anos em sua Collector's Serie Jazz.

Sexo já não assusta ninguém

"Salô ou os 12 Dias de Sodoma", que Pier Paolo Pasolini (1922-1975) concluiu em poucas semanas antes de morrer assassinado, finalmente chega às telas brasileiras. Após duas exibições na Mostra Internacional de Cinema, que o crítico Leon Cakoff organiza em São Paulo, foi adquirido pelo grupo Fama Filmes e teve sua estréia nacional em Curitiba. O filme mais escatalógico e chocante da história do cinema - em que pese em sua visão a crítica de seu autor - foi exibido por um mês (Cines São João / Bristol) e não provocou qualquer protesto.

Atrações comerciais no circuito especial

Quatro estréias já ocupariam o tempo dos cinéfilos. Há, entretanto, uma mostra de importantes filmes japoneses - que raramente chegam a nossa cidade, e, nesta sexta-feira, o encerramento da mostra de vídeo de arte (auditório da Caixa Econômica Federal do Paraná, 14, 16 e 20 horas) e também da retrospectiva do Cinema Alemão (sala Brasílio Itiberê) com "O Dia dos Idiotas" (1982, de Werner Schroeter, legendas em espanhol - 19 horas) e "O Poder dos Sentimentos" (1981/82, de Alexander Kluge, 21 horas, legendas em português).

Cinemas esvaziados apesar de alguns bons lançamentos

A situação é mais grave do que pode parecer: salas esvaziadas, sessões canceladas, poucas perspectivas de reação por parte do público. O ingresso já beirando os Cz$ 600,00 (preço da entrada do Cine Condor, a partir de ontem), o espectador em fuga, cada vez mais seleivo em sua programação. Além do custo do ingresso, a falta de motivação promocional da maioria dos programas - mesmo de filmes importantes - e o comodismo da televisão e do vídeo (cada vez maior o número de locadoras, explorando o mercado) contribuem para que dificilmente um filme resista mais do que uma semana em cartaz.

Sexo, drogas e violência em "Sid & Nancy", única estréia da semana

Na verdade, não há motivos para queixas. Ao contrário! O frio polar que castiga Curitiba (e o sul) com a maior violência, desanima mesmo ao mais fanático espectador a enfrentar o mau tempo para assistir qualquer filme - ou mesmo outros programas culturais. Assim, é ótimo que a programação dos cinemas não tenha atrativos maiores - embora, com isto, os exibidores estejam arrancando os cabelos, pois as rendas diminuem a cada noite.
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