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A dança dos favoritos, a grande expectativa

Brasília Desde terça-feira, o ti-ti-ti é sobre as premiações. Os júris oficiais - para 16mm e 35mm - procuram manter sigilo sobre suas reuniões e, oficialmente, até agora nada transpirou. A intenção de José Damatta, braço-direito de Marco Antônio Guimarães na coordenação do festival, é manter segredo até a hora final, quando, no palco do cine Karin, o irônico apresentador J. Pingo (irmão do ator Paulo César Pereio) e a bonina Carmem Moretti anunciarão os felizes vencedores desta maratona cinematográfica. "Leila Diniz", de Carlos "Bigode" Lacerda - que os curitibanos assistiram em lançamento mundial, em 4 de outubro, na abertura da I Mostra do Cinema Latino-Americano do Paraná - é um dos favoritos. Ao menos em duas categorias: Júri popular (o público adorou o filme) e melhor atriz - Louise Cardoso, que assim repetirá o feito do ano passado, quando por sua interpretação em "Baixo Gávea" dividiu o Candango de melhor atriz com Ana Beatriz ("Vera"). Este ano Louise Cardoso tem uma forte concorrente: A bela Lucélia Santos, por sua tríplice interpretação em "A Fonte da Saudade", de Marcos Altberg. Só que este filme baseado na "Trilogia do Assombro" de Helena Jobim (já visto em Curitiba, há um mês, por menos de 300 espectadores) já concorreu no FestRio 91986) e Gramado (Abril/87), sem sucesso. Lucélia Santos, aliás, nem foi a Gramado e muito menos se preocupou em vir a Brasília. Para melhor ator, o favorito é Paulo Autran, o septuagenário ator, bastante envelhecido e que chegou no domingo, por sua interpretação do octagenário general Guy, em "O País dos Tenentes", voltando a filmar após 20 anos (seu último trabalho no cinema foi em "Terra em Transe", de Glauber Rocha) é o candidato natural e ao ser aplaudido, em pé, na noite de domingo, quando subiu ao palco, sentiu que seu prestígio é grande. Para melhor filme, além de "Leila Diniz", outro filme candidato é "Anjos da Noite", do paulista Wilson de Barros. Inovador em sua linguagem, bem humorado, com um elenco dos mais expressivos - Marília Pera, Zezé Motta, Chiquinho Brandão, Aida Leiner, Sérgio Amberti, Marcos Nanini - pode repetir o sucesso de Gramado: ali teve cinco premiações, menos de melhor filme (que foi para "Anjos do Arrabalde", já visto em Curitiba). Wilson de Barros, que já trabalha no roteiro de seu próximo filme, foi o único da equipe que veio a Brasília: Todo o elenco está comprometido em novos trabalhos profissionais. Modesto e bom caráter como são os talentos autênticos (e que não precisam de fazer escândalos para se autopromoverem), Wilson prefere nada arriscar sobre premiações. Lamenta em não poder vir a Curitiba na próxima semana quando seu filme estará estreando no Lido II. É que irá ao festival de cinema de Chicago, para o qual "Anjos da Noite" foi selecionado - aproveitando a viagem para retornar a Nova Iorque, cidade em que estudou cinema por dois anos. "Fronteira das Almas", de Hermano Penna - o político e atualíssimo filme sobre a questão agrária na Amazônia (também já visto pelos curitibanos, durante a mostra latino-americana) deverá levar ao menos premiações adicionais - talvez o troféu OCIC - Organização Católica Internacional de Cinema - cujo júri é formado pela jornalista Míriam Alencar (de volta ao Brasil após ter residido no Japão e EUA) e o monsenhor Pierre Primo. O prêmio da OCIC valoriza as obras de conteúdo humanístico e social e o belo filme de Hermano Penna - exibido na noite de segunda-feira - se enquadra nesta categoria. O júri de 35mm (longas e curtas) é formado pelos cineastas Fernando Coni Campos, Antônio Carlos Fontoura e Tereza Trautman, ator Emanuel Cavalcanti, roteirista Leopoldo Serram, mais Rogério Costa Rodrigues e Geraldo Sobral. A premiação dos curtas em 35mm é uma incógnita. As opiniões divergem, embora os filmes de duas atrizes que também são realizadoras ganhe preferência: "O Bebê", de Ana Maria Magalhães e "A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal", de Carla Camurati. Outra cineasta, a franco-pernambucana Micheline Bondi, passou a segunda-feira tentando conseguir uma nova cópia de seu interessante "Avante Camaradas", para ser projetado na terça-feira. É que a cópia de seu documentário sobre o maestro baiano Espírito Santo (1883-1927), teve a lata com seus primeiros minutos extraviada e, assim, na superlotada sessão de domingo, o público urrou e o mesmo não foi exibido. Na abertura do festival, no dia 15, o filme "Anjos da Noite", teve também problemas: por culpa do laboratório Líder, as cópias vieram trocadas e com isto se perderam algumas das melhores gags deste filme. O fato rendeu manchetes no "Correio Brasiliense" e "Jornal de Brasília" que dão grande cobertura ao festival. O júri que assiste os filmes em 16mm, exibidos no Hotel Nacional, mostra-se um tanto decepcionado pelo nível dos concorrentes. Os cineastas Tânia Quaresma, Roberto Pires e Neville D'Almeida, a jornalista Helena Salem, o crítico Pedro Martins (do "Diário do Nordeste", de Fortaleza), mas Eduardo Henrique Diniz e Lionel Lucini escolherão os melhores nesta bitola. Nesta categoria concorrem dois paranaenses: Altevir Silva, o Bolinha com "O Açougueiro do Norte Contra o Cineasta Voador", exibido na terça-feira e "As Bruxas", de Mauro Faccioni Filho, paranaense de Maringá, radicado em Florianópolis. "Carlota/Amorosidades", de Ailton Ruiz - o mais intelectual dos filmes de competição (ver nosso comentário do domingo, 18), como era o único inscrito na categoria de média metragem concorrerá com os outros curtas. Já "Meninas de um outro Tempo", de Maria Inês Villares, embora na sessão de ontem, não disputará a premiação: foi o principal premiado, na categoria de 16mm, em Gramado e conforme o regulamento, não pode disputar um novo festival. A comissão aceitou sua inscrição por engano e assim a realizadora ficou furiosa ao saber de que não estará entre as aspirantes aos Cz$ 150 mil de prêmio. LEGENDA FOTO - Lucélia Santos, a favorita
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
21/10/1987

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