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Aramis

Muitos festivais e pouco público

Mais dois festivais de cinema brasileiro iniciam nesta semana. Ontem, "Anjos da Noite", de Wilson Barros, abriu a vigésima edição do Festival de Brasília e amanhã, em Natal, começa o primeiro festival de cinema da Capital do Rio Grande do Norte. Na semana passada, a I Mostra do Cinema Latino-Americano do Paraná apresentou cinco estréias nacionais - algumas delas, aliás, estarão nos festivais de Brasília e Natal: "Leila Diniz", de Luís Carlos Lacerda; "Fronteiras das Almas", de Hermano Alves; "O País dos Tenentes", de João Batista Andrade; "Rádio Pirata", de Lael Rodrigues e "Tigipió", de Pedro Jorge. Com pré-estréia na quarta-feira, 14, "Um Trem para as Estrelas" - que representou o Brasil no Festival de Cannes deste ano - substituiu a "Veludo Azul", de David Lynch, no recém-reaberto Bristol - interrompendo a carreira do filme americano, que a Fox pretendia ali manter por mais uma semana. O lançamento de "Um Trem para as Estrelas", promovido pelo colunista Ruy Barroso (que, aliás, vem dando grande apoio a promoção dos filmes brasileiros) foi prejudicada pela ausência de seu realizador: devido a um prosaico resfriado Cacá Diegues comunicou na tarde de terça-feira a Levy Cordeiro, gerente local da Embrafilmes, que não poderia estar presente. Com isto, todo o esquema de entrevistas e badalação para tentar motivar o público em torno desta crônica urbana, sobre um jovem músico (interpretado por Guilherme Fontes) na busca de sua namorada, desaparecida misteriosamente, acabou sendo desativado na última hora. Domingo à tarde, numa das salas do Hotel Nacional, que este ano é a sede do XX Festival do Cinema Brasileiro de Brasília, organizadores dos principais eventos cinematográficos terão a sua segunda reunião, formalizando um "diretório" que surgiu, informalmente, durante o II Festival do Cinema Brasileiro de Fortaleza, em agosto último. A realização de múltiplos eventos - dois dos quais com características internacionais (FestRio, em novembro; Mostra de São Paulo, já em andamento) trouxe uma natural procura de títulos inéditos - em contradição a redução de novas produções, ao menos brasileiras, e méritos para serem apresentados em festivais e mostras. Assim, enquanto as produções mais recentes foram reservadas para o FestRio (que escolherá de 2 a 3 produções nacionais) - como "Feliz Ano Velho", "Sonho de Valsa", "A Dama do Cine Shangai" etc - para os festivais de Brasília e Natal ficaram filmes já levados a Gramado (abril), Rio-Cine Festival, Fortaleza (agosto) e Curitiba (Mostra Latino-Americana, outubro). Houve até o acavalamento destes dois festivais - Brasília e Natal, e mais a XI Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que o crítico Leon Kakoff iniciou na semana passada. Os eventos cinematográficos abrem, naturalmente, um espaço promocional para o cinema brasileiro. O Festival de Gramado, há 15 anos sendo realizado sem interrupção, consta da pauta dos grandes veículos nacionais, assim como o FestRio, em novembro - pela revoada de nomes internacionais, e mais de 400 filmes em exibição - tem um espaço especial. Também os eventos regionais - como os de Fortaleza, Brasília, Natal e, agora a Mostra Latino-Americana do Paraná - trazem para as páginas dos jornais, a televisão e mesmo as rádios, realizadores, artistas, gente enfim ligada ao cinema. Isto deveria resultar na melhoria das rendas dos filmes, mas a situação é dramática: cada vez mais caem as bilheterias (ver nota nesta mesma página). No Festival de Brasília - que tem programado para hoje a noite "Fonte da Saudade", de Marcos Altberg (visto há duas semanas, no Cinema I), paralelamente aos longas, dois interessantes médias-metragens - "A Lenda do Pai Inácio", do baiano Pola Ribeiro e "Cartola", de Adilson Ruiz. Dos onze curtas-metragens, em competição, três foram vistos em Curitiba, na semana passada, na mostra organizada por Fernanda Morini e Lu Rufalco: "Churrascaria Brasil", de Fred Confalonieri; "Evocações... Nelson Ferreira", de Flávio Rodrigues; e "Tana's Take", de Almir Guilhermino. "Avante Camaradas", de Michelene Bondi, já tinha sido mostrado anteriormente, no Groff. Os demais, são inéditos: "Cidadão Jatobá", de Maria Luiza Aboim: "Salvar o Brasil", de José Mariani; "O Bebê", de Ana Maria Magalhães; "Arrepio", de André Pompeia Sturm; "O Rato", de Wilson Solon; "Heleno e Garrincha", de Ney Costa Santos e - o mais aguardado de todos - "A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal", que marca a estréia da atriz Carla Camurati como diretora. LEGENDA FOTO - "Tana's Take", do alagoano Almir Guilhermino, visto já na Mostra do Cinema Latino-Americano - é um dos curtas que está concorrendo em Brasília.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
16/10/1987

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