Login do usuário

Aramis

Caçando inéditos para os festivais

Haja filmes inéditos! Com a multiplicação de festivais e mostras no Brasil e no Exterior, o maior problema dos organizadores destes eventos está em conseguir produções inéditas, capazes de darem charme e atração aos diferentes festivais. Ney Slouvich e Cosme Alves, diretores do FestRio, retornaram no último fim de semana da China, último ponto de uma longa carreira em festivais internacionais, fazendo contatos para assegurar produções inéditas de alto nível, para o IV Festival Internacional de Cinema, Televisão e Vídeo, na segunda quinzena de novembro no Hotel Nacional. Na categoria de "Festival Calasse A" - semelhante aos de Cannes, Berlim, Veneza, Canadá - o FESTRIO, em sua parte competitiva, só pode ter filmes que não foram mostrados em nenhum outro Festival internacional. E sendo a última grande competição a cada ano, obviamente que as dificuldades aumentam - mas graças ao prestígio que o FESTRIO obteve desde sua primeira edição, estão assegurados títulos dos mais atraentes. No âmbito nacional, os filmes tem se repetido a partir de Gramado - que por vários motivos é o Festival mais atraente para os realizadores tupiniquins. Brasília, entretanto, pela sua resistência tem também o respeito dos realizadores e a vigésima edição, a partir de 15 de outubro, terá, entre os filmes inéditos, "Leila Diniz", de Luiz Carlos Lacerda (Bigode), biografia sentimental da musa de Ipanema dos anos 60. Só que este filme será visto, em primeira projeção, pelos curitibanos, na abertura da I Mostra do Cinema Latino Americano, a 4 de outubro, no Lido I, numa noite festiva - com a presença do diretor Bigode, a atriz Louise Cardoso - intérprete da personagem título e outros integrantes do elenco. Outro filme brasileiro inédito para esta mostra é "Rádio Pirata", de Lael Rodrigues, uma comédia musical, capaz e atingir a faixa jovem (e que precisa ser motivada para o cinema), na mesma linha de "Beth Balanço" e "Rock Estrela", longas anteriores do mesmo diretor. Dois outros importantes filmes brasileiros que também serão exibidos em Curitiba, nesta Mostra, são "Fronteira das Almas", de Hermano Penna e "O País dos Tenentes", de João Batista e Andrade - que, em agosto último, foram vistos, pela primeira vez, no II Festival do Cinema Brasileiro de Fortaleza. Em outubro, afora a Mostra de Cinema Latino-Americano, em Curitiba, aconteceu dois outros eventos: o Festival de Brasília - cujos filmes em competição estão sendo divulgados nesta semana e a XII Mostra Internacional do Cinema, em São Paulo, organizada pelo crítico Leon Cakoff. Crescendo de ano para ano, a mostra de Cakoff se estende por duas semanas, com filmes inéditos de todo o mundo. Atualmente, um realizador que consegue terminar o seu filme - e desde que o mesmo tenha o mínimo nível - tem assegurado uma série de festivais para levar a sua obra. Eis, por exemplo, algumas mostras competitivas (ou não), nas quais o Brasil esteve representado - ou que estará presente. "A Cor de Seu Destino", de Jorge Duran - já premiado em Brasília e Cuba, exibido em Gramado e em Brasília e que estréia agora no Ritz (Duran virá a Curitiba, na próxima semana) foi uma das atrações do Festival de Toronto, no qual apenas dois convidados do Brasil se fizeram presentes: Duran e a jornalista Helena Salem, autora de "Nelson Pereira dos Santos - O Sonho Possível do Cinema Brasileiro" (outra presença na Mostra de Cinema Latino-Americano). Em Figueira da Foz, no XVI Festival Internacional de Cinema, o Brasil tinha três títulos em competição: "Um Trem Para as Estrelas", de Cacá Diegues; "Rádio Pirata", de Lael Rodrigues e "Anjos do Arrebalde", de Carlos Reichenbach (premiado em Gramado-87, já exibido comercialmente em Curitiba). "A Dança dos Bonecos", do mineiro Helvétio Ratton, já lançado comercialmente, premiado em vários festivais, continua sua carreira internacional - de 16 a 21 de setembro, foi ao Festival de Cinema Internacional de Saint Thereze. Dois filmes ecológicos foram ao Internationale Tage Des Okologischen Films (17/21 de setembro): "Um Certo Meio Ambiente", de Jussara Queiroz e "O Carrasco da Floresta", de Vítor Lustosa (que está programado para a mostra de curtas-metragens, paralela a Latino-Americana, em Curitiba). No Festival Internacional do Filme de Tóquio, iniciado dia 25 último, o concorrente do Brasil é "A Marvada Carne", de André Klotzel. Já o Festival Internacional de Salerno, Itália (12 a 18 de outubro) terá "Sonho de Valsa", de Ana Carolina - o mais sigiloso filme da presente safra: anunciado para os festivais de Gramado e Fortaleza, acabou sendo suspenso. Agredida pela Embrafilme, que boicotou a participação do filme no Festival de Veneza (na qual ela acabou sendo jurada). Ana Carolina, por sugestão de sua divulgadora Rose Carvalho, vai fazer o mesmo marketing de Caetano Veloso: a primeira apresentação pública deste seu filme deverá acontecer numa sessão da madrugada no IV FestRio. "Antes disto, ninguém verá o filme"- garante Rose.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
03/10/1987

Enviar novo comentário

O conteúdo deste campo é privado não será exibido publicamente.
CAPTCHA
Esta questão é para verificar se você é um humano e para prevenir dos spams automáticos.
Image CAPTCHA
Digite os caracteres que aparecem na imagem.
© 1996-2016. tabloide digital - 35 anos de jornalismo sob a ótica de Aramis Millarch - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Altermedia.com.br