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Aramis

Maria Creuza, um tesouro vocal na Arca

A saudável parceria entre Vinicius de Moraes e Toquinho (1969/1980) não deixou apenas algumas dezenas de músicas da melhor qualidade - comunicativas, alegres e que permanecerão dentro da história da MPB. Os constantes roteiros universitários, que a dupla realizou ao menos até 1978, enquanto as condições físicas do poeta Vinicius (1913-1980) permitiram, ofereceram também a chance a outros artistas aparecerem. Se a paulista Marília Medalha foi a primeira convocada para o "Encontro" da dupla (da qual fazia parte também o extinto Trio Mocotó) - no espetáculo que a 27/12/1971, inaugurava o Teatro do Paiol, posteriormente outras cantoras como a baiana Maria Creuza, e a mineira Clara Nunes (1943-1983) e a carioca Joyce também tiveram participação intensa nos circuitos da dupla, no Brasil e Exterior. Clara Nunes é hoje saudades, Marilinha Medalha, aos 42 anos, mais uma vítima do esquecimento dos meios de comunicação (sem gravar há quase 10 anos) e Joyce continua na luta, com um disco feito na Pointer (sem a mínima produção) e um show que há um mês lotou o Teatro Ipanema do Rio de Janeiro. A baiana Maria Creuza (Silva Lima), baiana de Esplanada, 42 anos completados no último dia 26 de fevereiro, já conheceu períodos de grande prestígio e, embora com uma agenda repleta de compromissos - especialmente em clubes do interior - não tem tido a cobertura que merece. É bem verdade que a ligação com um empresário de maus bofes, elemento grosseiro e antipático (que durante anos também prejudicou a carreira da dupla Antonio Carlos e Jocafi) tem sido também uma das causas de seu relativo ostracismo e esquecimento artístico. Imerecido, pois dona de bela voz, bom gosto em repertório, desde o início de sua carreira, sempre foi uma cantora marcante - como já mostrava em 1969, num pequeno sêlo alternativo de Salvador, a JS, faria um lp marcante - "Apolo 9", com belas músicas de Antonio Carlos Figueiredo, com quem se havia casado em 1966 - e que, em dupla com Jocafi, formou uma dupla de popularidade nos anos 70. Dentro da linha de resgatar grandes nomes da MPB, a nova etiqueta Arca, fundada pelo jornalista e empresário Ary de Carvalho, dono dos jornais "Notícias Populares" e "Última Hora" do Rio de Janeiro, produziu, já no ano passado, um belo disco de Maria Creuza ("Paixão Acesa") que infelizmente não teve a divulgação e distribuição merecida.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Música
33
30/03/1986

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