A batalha de Tetê para mostrar Rose
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 15 de abril de 1989
O difícil nem sempre é fazer um bom filme. O complicado mesmo é conseguir fazer com que o filme seja visto. Quem pode dizer isto é Tetê Moraes, 46 anos, ex-jornalista, que com "Terra Para Rose" obteve os mais importantes prêmios entre 1987/1988 - inclusive o Grand Coral, no Festival de Havana-87, mas que enfrenta as maiores dificuldades para lançar este documentário emocionante, profundo e importantíssimo sobre os sem-terras - rodado na Fazenda Anoni, no Interior do Rio Grande do Sul.
Na semana passada, Tetê esteve em Curitiba, tentando convencer a Francisco Alves dos Santos da importância de que "Terra Para Rose" seja exibido no Cine Ritz - e não no incômodo e mal cuidado Groff, no qual a Fucucu queria relegar o seu filme. Felizmente, o bom senso prevaleceu e "Terra Para Rose" estréia dia 4 de maio, no Ritz, espera-se que com promoções paralelas - debates com entidades ligadas a questão da terra, um ciclo de seus outros filmes (inclusive o documentário que realizou sobre a experiência comunitária na administração peemedebista de Lages, há 7 anos) e, naturalmente, interesse do público.
Se mesmo em Curitiba, no qual a Fucucu possui 4 salas de exibição, Tetê Moraes teve que vir pessoalmente cuidar para que seu filme não fosse queimado (como tem acontecido com tantos outros, inclusive "O Mentiroso", lançado na época mais desaconselhável do ano - quando chegam os filmes do Oscar), imagine-se a dificuldade que enfrenta em outras praças! Em Brasília, "Terra para Rose" deveria ter estreado após o XX Festival de Cinema, em outubro, mas uma greve dos funcionários da Fundação Cultural do Distrito Federal prejudicou o lançamento, atrasando-o em dois dias. Ironicamente, no lançamento no Rio, a greve geral determinada pela CUT, nos dias 15 e 16 de março, também prejudicou a estréia deste filme extremamente social e político. Em Porto Alegre, o poderoso exibidor Mário Pintado, que comanda um império de mais de 200 salas de exibição, vetou "Terra Para Rose": ligado à UDR, vê com antipatia o documentário de Tetê Moraes, que será mostrado, assim, somente em circuitos alternativos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
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