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Aramis

A música envolvente que enfeitiça a Lua

A família, a melhor opção. O sucesso de dois dos filmes de maiores bilheterias do ano - "Atração Fatal" (Lido II, em 15ª semana) e "Feitiço da Lua" (Lido I, 10 semanas) e o lançamento de "Nenhum Passo em Falso/A Hora da Brutalidade" (de John Frankenheimer) veio confirmar uma nova tendência do cinema americano neste final de época: filmes moralistas, estruturados para (com) provar que as relações extraconjugais podem levar a complicações sérias - chegando à violência e ao assassinato ou, no mínimo, criando situações delicadas. Catipultuadas [Catapultadas] pelo charme das indicações ao Oscar, "Fatal Atraction" e "Moonstruck" obtiveram um êxito que, infelizmente, "52 Pick-Up" não conseguiu - não passando de uma semana em exibição. Um dado para ser analisado, já que o roteiro se baseou num best-seller de Elmore Leonard e Frankenheimer é, reconhecidamente, cineasta vigoroso, competente nos múltiplos gêneros que tem freqüentado a partir de 1956, quando realizou um humano estudo sobre a delinqüência juvenil ("No Labirinto do Vício/The Young Stranger). "Atração Fatal" é um filme desonesto e moralista - colocando a mulher inclusive de uma forma ridícula e concluindo de forma machista. Apesar de tudo caiu no agrado do público, que, no Brasil, o transformou numa das maiores bilheterias do ano. Em compensação, "Feitiço da Lua", de Norman Jewison - que teve indicações e levou três (merecidos) Oscars (roteiro original - John Patrick Shanley; atriz - Cher; atriz coadjuvante - Olympia Dukakis). Suave em seu desenvolvimento dos personagens - a comunidade italiana de Nova Iorque, pequenas confusões amorosas e um ar extremamente latino, "Moonstruck" foi extremamente valorizada pela trilha sonora (editada no Brasil pela EMI - Odeon/Capitol), produzida por Dick Hyman. Como tem feito nos filmes de Woody Allen, Hyman trabalhou basicamente com temas conhecidos - abrindo e encerrando com a balada "That's Amore" (Harry Warren/Jack Brooks), que na voz de Dean Martin foi sucesso nos anos 60. Esta canção já é uma trade mark - assim como o belíssimo cartaz (Cher, esplendorosa e bela, tendo Nova Iorque como cenário). Hyman, pianista arranjador, tendo trabalhado com músicos como Benny Goodman, Lester Young, Charlie Parker e outros nomes da maior expressão do jazz. Esta identificação ao melhor da música o tem feito encontrar aqueles temas perfeitos para os últimos filmes de Allen ("A Rosa Púrpura do Cairo", "A Era do Rádio", "Hannah e suas irmãs", "Zelig"), embora, neste caso, reconheça-se que Woody, também músico (toca clarinete todas as segundas-feiras no Michael's Club, em Nova Iorque) sabe o que deseja para ilustrar as trilhas de seus filmes.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
3
24/05/1988

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