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Aramis

Artigos por data (1984)

Leonel, o inventor da lente Moroscope

Nos necrológios do professor Leonel Moro, falecido domingo, aos 65 anos, faltou um destaque merecido: a sua atividade como cineasta. Nos anos 50, Leonel desenvolveu um processo de lente anamórfica, que batizou com o nome de "Moroscope" (na época, em que o CinemaScope era a grande novidade) e através desta técnica realizou alguns documentários e uma longa-metragem. "O Círculo Perfeito". Filme policial, com vários artistas paranaenses, seu longa-metragem levou mais de 8 anos para ser concluído e, quando lançado, no cine Rivoli, não teve a acolhida merecida.

Paiol, 13 anos, com o talento de Flach

GLACY GOTATDELO, a mignon que dirige o setor musical da Fundação Cultural, não poderia ter escolhido melhor programação musical para comemorar os 13 anos do Paiol: há duas semanas, o encontro do grande violinista Sebastião Tapajós com seus parceiros Claudionor Cruz e Gersinho Fisbein. No último fim de semana, aquele que pode ser classificado como dos melhores espetáculos do ano: a excelente cantora Olivia Byghton, acompanhada pelo pianista Mario Boffa e o clarinetista/ saxofonista Edgard Duvivier, aqui estreando um espetáculo camerístico de excelente nível.

As ruas de Rafael

Leitor atento de O ESTADO, o vereador Rafael Greca de Macedo, sobe pegar o pião-na-unha: já encaminhou um projeto de lei, dando o nome d Jorge Deodato Lemoine (Bruxelas, 2/3/1986 - Curitiba, 9/6/1976) a uma rua de Curitiba. Será a primeira iniciativa oficial para homenagear o pioneiro da publicidade no Paraná. Lemoine foi quem, em 1921, fundou "A Propagandista", que cuidava dos anúncios nos bondes da South Brazilian Railway Co., conforme recordamos em texto publicado em O ESTADO, em homenagem ao Dia Mundial da Propaganda. xxx

Glauco quer é dirigir a Fundação de Teatro

Embora oficialmente não haja ainda, nomes certos para as funções do primeiro ao terceiro escalão do governo Tancredo Neves, não custa nada sonhar. Assim, há muita gente apostando em certas funções. Por exemplo, algumas áreas da cidade dão como certa a ida do sr. Glauco Souza Lobo, atual diretor executivo da Fundação Cultural de Curitiba, para a direção da Fundação Nacional das Artes Cênicas, o antigo Serviço Nacional de Teatro.

A noite política da "Boca Maldita"

SE sobraram alguns (poucos) lugares, não faltou bom humor. O jantar mais famoso entre tantos congraçamentos de fim-de-ano - o da Boca Maldita - na noite de quinta-feira, 13 - sintomaticamente, no 16o aniversário do Ato Institucional no 5 - manteve algumas tradições. De princípio, o congraçamento político - no qual se encontravam parlamentares, cabos eleitorais e simpatizantes de todas as tendências (exceto o PT, que por ser o mais proletário dos partidos, por certo não teve nenhum de seus integrantes disposto a pagar Cr$ 20 mil de participação).

Uma Arca para música popular

Ary de Carvalho, ex-repórter policial da "Última Hora" em São Paulo - e que em 1963 passou alguns meses em Curitiba, dirigindo a sucursal do (então) jornal de Samuel Wainer - é um empresário de coragem. Além de ter transformado a "Última Hora" carioca em seu aspecto visual (após 34 anos, desde o dia 20 de novembro, circula sem cor e totalmente modificada em forma e conteúdo, Ary expandiu suas organizações para a área editorial e fonográfica - sem contar incursões para o setor de rádio e projeto de uma futura televisão.

Frutos da Boca

O MPB-4 está comemorando com muito trabalho seus 20 anos de existência: dois espetáculos musicais e um infantil no Teatro da Galeria, RJ, mais 20 conferências sobre MPB e o lançamento do lp "Coringa", que, infelizmente, a Barclay esqueceu de divulgar. O MPB-4 tem razão para registrar esta efeméride: poucos grupos vocais conseguem sobreviver sequer 5 anos, quem dirá as duas décadas.

De palavra em palavra

A avalanche de (bons) discos lançados no final do ano traz, ao lado da natural preocupação mercadológica/comercial das gravadoras, material para diferentes enfoques. Pena que a redução constante dos espaços destinados aos registros culturais faça com que, mesmo na chamaada imprensa nacional, os discos com as produçòes mais recentes de tantos compositores e intérpretes (de Chico Buarque a Roberto Carlos) ganhem poucas linhas.

Mágico Valença

Alceu Valença, pernambucano de São Bento do Una, 37 anos, é um dos mais interessantes exemplos da música brasileira do momento. De origens nordestinas - fiel as raízes, é um dos poucos (ao lado de Elba Ramalho, Moraes Moreira, Fagner, naturalmente) que sobreviveu a um intenso processo de comercialização. Ao contrário, a cada novo disco se mostra mais profundo - e a prova está em seu último elepê ("Mágico", Barclay), lançado há poucas semanas.

Ibéricos românticos

Artistas peninsulares radicados no Brasil garantem bons resultados junto ao público jovem. Assim provam o espanhol Manolo Otero e o português Roberto Leal, dois dos sustentáculos comerciais da RGE. Ambos estão na praça, com novos discos, dentro do esquema "feitinho para o sucesso". Leal, em seu 13o elepê, conseguiu até uma música feita especialmente por Roberto e Erasmo Carlos - "Um Grande Amor". "Ali Baba" (Pinho/Ordiruges), adaptada por Leal e Márcia Lúcia, chega agora ao Brasil após ter estourado em Portugal com um grupo chamado "As Doces".

O falso mito do bom "público" curitibano

VAMOS deixar de hipocrisia! Essa estória de que o público de Curitiba é o melhor do Brasil e que somos cidade-teste (???) e o espetáculo aqui aprovado pela seleta assistência é sucesso nacional, tem que ser revista. Há pelo menos 20 exemplos concretos de excelentes espetáculos que aqui fracassaram devido ao desinteresse, desinformação e despreparo do nosso público - mais ligado aos modismos impostos do que um real empenho em conhecer bons trabalhos artísticos - que não tenham marketing via televisão.

No campo de batalha

Entre os novos membros do Instituto Histórico, Geográfico e Etnográfico Paranaense - a serem empossados hoje a noite - estão José Joffily Bezerra de Mello e Cezar Augusto Carneiro Benevides . xxx Joffily é paraibano de nascimento, radicado em Londrina, autor de uma dezena de livros em que revê a história do Brasil do século XX (um deles, inclusive, motivou o filme "Parahyba, Mulher Macho") e revisa agora os originais de um desmistificador estudo sobre o Norte do Estado. xxx

Inédito e malpago! A denúncia de Felício

FELÍCIO Raitani Neto é um dos mais respeitados escritores paranaenses. Discreto, ausente das rodinhas supostamente intelectuais, prefere desenvolver um trabalho sólido, profundo, com poucos mas importantes livros que tem publicado às suas expensas. Não o conhecemos pessoalmente mas admiramos sua obra e suas posições. Por isto, o belo e corajoso artigo que acaba de publicar no "Jornal do Livro" (outubro/novembro/84 no 5), que a Criar Edições vem lançamento regularmente, merece ser transcrito.

Memória em 35 mm

TRÊS jovens, dedicadas e honestas pesquisadoras do cinema brasileiro - Solange Straube Stecz, Clara Satiko e Celina Alvetti - foram escolhidas, por unanimidade, para dirigirem o núcleo do Paraná do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Foi no sábado, 15, na Cinemateca do Museu Guido Viaro, com a presença do professor José Tavares de Barros, da Universidade Federal de Minas Gerais e presidente do CPCB.

Star Dust, adeus!

POR trás de uma simples mudança de inquilino, cujo registro nem sequer se justificaria, num espaço de jornal, um dado significativo, para comprovar, mais uma vez, o esvaziamento da noite curitibana. Silenciosamente, nem sequer festa de despedida para os velhos fregueses, a última grande boite de Curitiba - o Star Dust - cerrou as portas há algum tempo.

No campo de batalha

O cineasta Sergio Bianchi telefona de São Paulo, exultante: na semana passada, finalmente, assinou contrato com a Embrafilmes, que garantirá 30% da produção de seu segundo longa-metragem. xxx O filme se chamará "Romance" e para o elenco já há duas belas atrizes definidas: Marieta Severo e Karla Camurati. Orçamento previsto é de Cr$ 700 milhões, com filmagens em Curitiba e São Paulo. xxx

Por que Glauco quer a direção da inacem

A indicação de Glauco Souza Lobo, atual diretor executivo da Fundação Cultural de Curitiba, para a direção do Instituto Nacional de Artes Cênicas, aqui noticiada, em primeira mão, nasceu durante último encontro nacional de profissionais das artes cênicas realizado no Rio de Janeiro. Glauco participou do evento, foi relator de uma das comissões e nas discussões sobre a necessidade de existirem nomes definidos - e, naturalmente, apoiados pela classe artística - para disputar os cargos da área cultural, surgiu o seu.

O romance no ar sem "happy end"

NÃO houve ainda, o happy end, no romance do vereador Horácio Rodrigues com o radialista Rogério Wolff dos Santos, para possuir um veículo muito especial: a Rádio Globo AM, que conseguiu sair de um desprestigiado 12o lugar, em audiência, para a 4a colocação, entre as emissoras mais ouvidas de Curitiba (só abaixo da Cidade, Atalaia e Independência). A Globo, ex- Cruzeiro do Sul, há várias semanas vem sendo negociada por Rodrigues.

A noite de Nasser

Com toda a razão, o sr. Miguel Nasser, como velho patriarca de um clã dos mais respeitáveis, exibia o seu maior sorriso durante a festa oferecida pela Corporação Nasser, na noite de quinta-feira, na Mansão da Glória. Afinal, a comemoração era dupla: os seus 70 bem vividos anos e o sucesso das empresas que, sob a sua presidência de seu primogênito, Miguelzinho, 42 anos, espalham-se hoje pelo Brasil, empregando mais de cinco mil pessoas e ocupando uma área coberta acima dos 60 mil metros quadrados.

Canto negro do mineiro Bosco

Para quem acredita na reencarnação, pode-se até dizer que em outra época João Bosco foi um negro cantador de nostálgicos blues, gospels e labor songs. A facilidade que tem de fazer scats - o canto sem letra - nos transfere a imagem para uma outra galáxia sonora, distante daquela que é a dos nossos dias. Mais do que nunca esta sensação está presente ao se ouvir "Gagabirô" (Barclay, novembro/84), o mais negro de todos os discos de João Bosco - e sem favor, um dos melhores trabalhos fonográficos do ano.
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