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Aramis

Exilados

A abertura política não só possibilitou que dezenas de músicas que permaneciam interditadas fossem, finalmente, gravadas ou divulgadas - bem como elepês históricos reaparecessem (exemplo maior: Geraldo Vandré, que continua a ter seus discos, tanto os da Odeon, como da RGE, vendendo como pão quente), mas também permitiu que jovens talentosos de nossa MPB, que por razões políticas se encontravam no Exterior, voltassem ao seu país. E agora eles começam a buscar o seu espaço, após exílios de muitos anos. manduka, apelido carinhosos e familiar do filho do poeta Thiago de Melo, começou a cantar e compor no Chile, primeira etapa do exilio de seu pai. Depois, nasFrança, gravou dois elepês, com boa repercussão. De volta ao Brasil, há mais de um ano, fez alguns shows e pela CBS, grava o seu primeiro lp (EPIC, 144362), produção cuidadosa de Ivair Vila Real, com arranjos de Célia Vaz para cordas e flautas e do próprio manduka e Joca para a base. Aliás, prestem atenção em Célia Vaz: esta maestrinha e arranjadora vai se destacar muito neste ano. Como primeiro trabalho feito no Brasil após passar sua adolescência e parte de juventude no Exterior, o lp de manduka é, naturalmente, um pouco confuso, embora revelador do talento de um jovem que sabe o que diz e o que canta. Nove das dez músicas são de sua autoria. Só para violeta Parra (<< Maldigo Del Alto Cielo >>), que aprendeu a admitir no Chile, manduka cedeu uma faixa. As suas músicas sào bem construídas mas exigem atenção para serem melhor comprendidas: << Vitória Régia >> , << O Que Aconteceu na China? >>, << asas Pra Falsa Estação >>, Jandira >>, << Esmeraldas >>, << sonho do navio Dourado >>, << a Desejada >> e << Somos Quem Somos >>. A volta ao Brasil de Ricrado Vilas e Teca Calazans coincide com o sucesso do Boca Livre, o grupo vocal de maior destaque em 1979: o lp-independente do quarteto ( que sofreu sua primeira subsbtituíção: Claudinho Nucci saiu e foi substituído por Lourenço Baeta) vendeu mais de 60 mil cópias e o conjunto termina agora uma excursão no roteiro Sul do Projeto Pixinguinha, junto com Nana Caymmi. e o Boca Livre tem entre seus integrantes, dois antigos companheiros de Ricrado Vilas, que com ele formaram o histórico Momento quatro (com << 4 >> ao invés de << q >>), que só gravou um elepê e um compacto na Philips: problemas políticos levaram Ricardo a se exilar e reconstruir uma carreira na França, onde junto com Teca Calazans fez inclusive dois elepês. Agora de volta ao Brasil, em << Povo Daqui >>, produção de Eduardo Souto Neto, orquestrações do próprio Ricardo e regência de Guerra Peixe e Eduardo Souto Neto, mostram também um trabalho dos mais conscientes. Difícil comparar o que Ricardo e Teca mostram neste primeiro lp no Brasil, com os que fizeram na França, já que aqueles discos aqui não chegaram. Mas sente-se na voz suave de Teca, no violão vigoroso de Ricardo (ocasionalmente participando vocalmente), dois artistas de muita garra. O Boca Livre, numa homenagem ao antigo companheiro, participa da faixa << Velha amizade >>. Com exceção de << Caicó >> (adaptação e letra de Teca Calazans); autora também de << Povo Daqui >>) as demais faixas são ou de Ricardo sozinho, ou em dupla com Teca: << Desafio >>, << As Flores Deste Jardim >>, << Ciranda da Lua no Mar >>, << Estrela da canção >>, << Aguaceiro >>, << Triste Tropical >>, << Imagem Moderna >> e << Minoria>. Agora é hora de manduka, Ricardo e Teca porem o pé da estrada e começaram a percorrer o Brasil Divulgando seu trabalho e sentindo o Pais, do qual eles estiveram afastados tantos anos. Não por culpa deles,frise-se... FOTO LEGENDA 1- Manduka FOTO LEGENDA 2- Teca & Ricardo
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Jornal da Música
1
29/06/1980

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