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"Ori", o vídeo cultural que deveria estar nas locadoras

Há alguns anos, quando o vídeo ainda engatinhava, Marcelo Marchioro, 38 anos - hoje o diretor de teatro mais respeitado do Paraná e em ascensão nacional - tentou criar junto a pioneira locadora de Luís Renato Ribas uma secção de vídeos de arte. O mercado ainda não estava regulamentado e saneado, haviam pouquíssimos títulos legendados e legais, mas a experiência teve um sentido altamente cultural: reunir filmes importantes sobre vários aspectos dentro do cinema. Hoje, com centenas de títulos sendo lançados e as locadoras fazendo, vez por outra, edições de obras importantes, já é possível, inclusive, ter uma secção de "vídeos de arte". Pena que a ignorância, falta de informação e, principalmente, ganância que caracteriza 97% dos proprietários de locadoras - que buscam lucros fáceis, imediatos - faça com que os filmes realmente importantes não sejam encontrados na maioria das locadoras. Com raras exceções - a Disc Tape, de Luiz Renato e a Master Vídeo por exemplo - inexistem cópias de muitos filmes de nível artístico, que embora colocados no mercado não chegam às locadoras. Também, o que esperar de pessoas sem o menor embasamento cultural, que nunca souberam amar ao bom cinema e que, apenas para obter lucros, abrem locadoras. Os consultores, quando são procurados pelas locadoras, também se limitam a indicar filmes de retorno garantido - ou seja, produções que repetem a mediocridade que se vê nos circuitos comerciais. Também nunca houve, até agora, ao menos em Curitiba, uma preocupação das locadoras em oferecerem informações maiores aos seus clientes, procurando orientá-los em torno da importância de determinados filmes. Até feiras - como a realizada na semana passada, no Parque Barigui - não tem qualquer preocupação cultural, abusando, isto sim, de ofertas de filmes pornográficos, de violência, produções classe "B" e "C", para satisfazer um público analfabeto em termos de cinema. Apesar desta precariedade do mercado, há ainda quem tente fazer edições de qualidade. Ou mesmo de produtos não comerciais mas de grande significado cultural-informativo. É o caso, por exemplo, da Angra Filmes (Rua Carlos Lilan, 70, São Paulo, CEP 01456) que há algumas semanas editou algumas cópias de um dos mais premiados documentários brasileiros - destinado a faixas específicas, mas que, dificilmente se encontra em nossas locadoras. O que é uma pena, pois quem perde é o público que poderia apreciar um trabalho de nível universitário. Trata-se de "Ori", documentário de Raquel Gerber, cuja produção se estendeu por 11 anos de pesquisas. Só no ano passado, este documentário - que significa "cabeça" em língua yorubá, esteve em 17 eventos e festivais internacionais onde recebeu vários prêmios: Paul Robson da Diáspora (11º Festival Pan African de Ouagadougou), o Costa Azul "Homem e Natureza" (3º Festival Internacional de Cinema de Tróia, Portugal), Prêmio Especial do Júri - no I Festival de Cinema de Curitiba (setembro/89), Menção Honrosa para Documentário no "Prized Pieces 89", do National Black Programming Consortiu, em Columbus, Ohio (EUA) e, ainda recentemente, o "Golden Gate Award" para a categoria documentário no 33º Festival Internacional de Cinema, em San Francisco, EUA, há poucos dias. "Ori" é um filme que participa da vida e da organização moderna dos Movimentos Negros do Brasil. Se encontra com o trabalho de Beatriz Nascimento, historiadora e militante, que busca afirmar a história dos Quilombos como identidade história do negro brasileiro. "Ori" foi filmado no Brasil e na África por fotógrafos da competência de Hermano Penna (diretor de "Sargento Getúlio"), Jorge Bodanzky ("Os Muckers"), Pedro Farkas, entre outros. A trilha sonora é de um percussionista respeitado mundialmente, o pernambucano Nana Vasconcelos, radicado na Europa, e cujo elepê "Bush Dance" foi lançado recentemente pela Polygram. Embora seja um produto destinado basicamente a pessoas de informação universitária, especialmente interessadas em antropologia, sociologia e história, "Ori" merece circular nas locadoras classe "A". Lançada pela Transvídeo, entretanto, até agora foram raras as locadoras que a adquiriram. E com isto este trabalho sério continua inédito.
Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Nenhum
8
31/05/1990
OI, como faço para conseguir esse filme??? Moro no interior do Ceará, muitas pessoas me chamam de Orí , por isso tenho interesse nesse assunto! grande abraço!
ESTOU TRABALHANDO EM UM PROJETO AFRO-DESC ENDENTE, GOSTARIA DE INCLUIR ESTE FILME NO PROJETO.
Onde posso adquirir o filme ori? Obrigada Silvia mulheraodoano@hotmail.com
Olá, como faço pra conseguir esse filme? por favor aguardo resposta... sou de Macapá-AP obrigado. alanzinhosilva@hotmail.com

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