Gerônimo, o negão do fricote baiano
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 17 de maio de 1987
Mais uma vez um lançamento de época chega com atraso ao Sul. Só depois do Carnaval, a Continental começou a catituar nas emissoras do Sul o mix do cantor-compositor Gerônimo, 33 anos, que com a música "Eu Sou Negão", apareceu este ano como o mais sério concorrente de Luiz Caldas em termos de execução de rádio e no repertório dos 30 trios-elétricos de Salvador.
Dentro da onda do Fricote - que tem em Luiz Caldas o seu maior êxito, Gerônimo é mais um a se destacar depois do conjunto Chiclete com Banana (cujo elepê aqui foi registrado, quando também falamos no álbum "Flor Cigana", de Caldas) e a frente da cantora Sarajane, que apesar do visual sensual e de ter feito um mix há muitos meses na Odeon, continua ainda pouco conhecida neste Sul Maravilha.
Formado em composição e regência pela Universidade Federal da Bahia e estudioso das raízes africanas da música brasileira, Gerônimo, 33 anos, faz uma música mais elaborada e rica do que seus companheiros da turma do deboche, ainda que usando os mesmos elementos - diz a revista "Veja" (nº 965, 4/4/87), em reportagem de capa ("A Folia do Carnaval Baiano", analisando o boom de Caldas e do Fricote. Antonio Risério, estudioso da música baiana, diz que Gerônimo "é muito preparado: quando fala em negritude, sabe o que está dizendo."
"Eu Sou Negão" é uma mistura de reggae e muzenza - ritmo afro típico dos blocos negros da Bahia -, e foi definida pela mesma "Veja" como "uma espécie de braço culto da folia promovidos por Luiz Caldas".
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