Olinto, o Druída
Artigo de Aramis Millarch originalmente publicado em 11 de novembro de 1975
O romancista Antonio Olinto, durante muitos anos editor da coluna literária de "O Globo", que só deixou para assumir as funções de adido cultural da Embaixada do Brasil na Inglaterra, presidiu uma curiosa cerimônia religiosa em Londres. Foi o "presider" da solenidade de Outono realizada este ano pela Ordem dos Druídas, no Primrose Hill, de Regente Park. A mais antiga religião das ilhas britânicas, existente há pelo menos 8 mil anos, os Druídas honram com frutos e flores da natureza, colebrando as colheitas e pregando a paz. Combatida pelos romanos no tempo de Júlio Cesar, a religião druída desaparecida quase por completo nos séculos seguintes. No século XVIII, porém, o poeta William Blake consciente de que a velha tradição druída precisava ser mantida, criou a Ordem dos Druídas, que desde então, se reúne, em diferentes partes da Inglaterra, para as cerimônias de Outono, da Primavera e a do Verão. Olinto, a convite do atual chefe druída, Charles Maughan, foi o primeiro brasileiro convidado a presidir uma solenidade, a de Outono, realizada em Londres, há algumas semanas. Em seu inglês perfeito, o autor de "A Casa d'água" fez a leitura de palavras rituais captadas por Blake da antiga tradição das ilhas, na oferta de frutos, flores e vinho, ao som de uma trompa sendo soada pelo arauto na direção dos pontos cardeais.
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